Pense num nome para definir a Jesus Cristo, um qualquer que demonstre sua onisciência, onipotência, grandeza, majestade e outros atributos presentes no Filho de Deus. Hummmm, é certeza que tenha pensado em mais de um. Seguramente você foi feliz na sua definição.
E se caso pedisse a você para expressar uma palavra que ao mesmo tempo revelasse humildade, insignificância, impotência e que estivesse intimamente relacionada a morte de Jesus, que palavra deixaria escrita nos comentários?
Sei, o quanto é difícil este segundo desafio! Mas imaginemos que você tenha pensado em Jesus Cristo como um “verme”. Um verme??? Sim, isto mesmo. Foi o que o salmista Davi disse de si mesmo, aplicado ao Messias. É o que iremos ver nas linhas abaixo.
Quando falamos em verme, a imagem que nos vem a mente é a de algo insignificante, desprezível mesmo. A Wikipédia traz uma definição de verme, usando a Taxonomia de Lineu.
Segundo a Taxonomia de Lineu, o grupo vermes designava todos os invertebrados não pertencentes ao grupo dos artrópodes, ou seja, todos os animais desprovidos de esqueleto interno ou externo.
Hoje em dia, chama-se verme a qualquer animal com o corpo alongado e ou achatado e sem esqueleto interno ou externo. Não possuem membros, embora possam ter apêndices reduzidos na superfície para a locomoção.
Os vermes são encontrados em praticamente qualquer habitat, incluindo o mar, rios e subterrâneo. Muitos também são parasitas como a Tênia. Alguns vermes, notavelmente a minhoca, desempenham um papel muito importante na ecologia.
Davi prefigurou o sofrimento de Jesus
No Salmos 22, há um relato dramático de Davi, uma situação em que ele se sentia impotente frente as adversidades que o acometia. Este é um salmo messiânico, pois traz relatos do que aconteceria com o Messias, centenas de anos depois. A agonia e dor que Davi sente, é a mesma que Jesus sente na cena da crucificação.
Davi exclama nos dois primeiros versículos: “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste? Por que estás tão longe de salvar-me, tão longe dos meus gritos de angústia? Meu Deus! Eu clamo de dia, mas não respondes; de noite, e não recebo alívio!” Sl 22. 1-2
Sabe aquela situação de extremo desespero que passamos e nos sentimos extremamente diminuídos e impotentes sem conseguir uma solução para afastar o que nos aflige?
Pois é, exatamente assim que Davi sentia. Diminuído, humilhado e considerando-se o mais impotente dos seres vivos. No versículo seis, Davi afirma ser “um verme, e não homem”.
Filme Paixão de Cristo
O espetacular filme Paixão de Cristo de Mel Gibson retrata a Paixão de Jesus de Jesus de acordo com os relatos dos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. A película abrange as 12 horas finais da vida de Jesus. Em certo trecho do filme os soldados romanos açoitam a Jesus.
Um dos soldados o chama de verme enquanto outro soldado aperta a coroa de espinhos na fronte de Jesus e diz: Olhem para, o rei dos vermes. Veja o vídeo abaixo, volto logo em seguida.
Opsss, voltei. Tanto Davi, quanto Jesus foram motivos de zombaria, de desprezo e de insultos gratuitos. As pessoas consideravam a Jesus impotente, pedia para que ele sendo profeta, descesse da cruz, salvar-se a si mesmo. A zombaria era como se fosse abundantes águas na frente dos sedentos por um milagre de Jesus.
Salmos 22, o plano da redenção revelado a Davi
Mas naquele momento, Jesus não podia atender a nenhum pedido, cumpria levar adiante o plano da redenção de toda a humanidade, nestas condições é que Jesus declara-se um verme. O Salmo 22 é das passagens mais eloquentes e inspiradoras da Bíblia, quem poderia imaginar que teríamos esta riqueza de detalhes neste Salmo?
Ele foi escrito cerca de 1.000 anos antes da crucificação de Cristo. No entanto, enquanto você lê todo o Salmo você pode ver claramente que tudo estava registrado como um evento profético que ocorreria um dia no Calvário.
O mistério das idades é mais uma vez revelada no fato de que o Senhor conhece o futuro melhor do que podemos lembrar o passado. Deus predisse o castigo de seu Filho unigênito para a redenção do mundo. Cada detalhe é desdobrado e um milênio depois de ser escrita a profecia aconteceu!
É surpreendente Jesus chamar a si mesmo de “um verme”. À primeira vista, sabemos que o vermee sempre retratou depravação. Foi na Geena, onde nos é dito na Bíblia que o verme não morre. Foi a um verme que Jó se comparou até porque ele se sentiu a mais humilde de toda a criação.
Os vermes tiveram sua parte na morte do ímpio rei como registrado no livro de Atos. No entanto, também sabemos que Jesus não tinha pecado! Ele nunca foi tocado pela depravação, que é uma parte da nossa natureza.
Ele foi tentado, mas sem pecado! Portanto, quando Ele se refere a si mesmo como um verme, é certo que deve haver um significado mais profundo!
Coccus ilicis e a relação com o madeiro
Quando estudamos esse texto do Salmo 22.6, temos o termo “verme” que na transliteração do original é “coccus ilicis”, que significa: “lagarta escarlate”. Vejamos uma exposição sobre isso: Quando a fêmea da lagarta escarlate estava pronta para desovar, ela prendia seu corpo ao tronco de uma árvore, fixando-se de maneira firme e permanente para jamais sair.
Os ovos depositados por baixo de seu corpo eram desta forma protegidos até que as larvas fossem chocadas e fossem capazes de assumir o seu próprio ciclo vital.
Quando a lagarta morria, o fluido carmesim manchava seu corpo e a madeira em volta. Dos corpos mortos destas lagartas escarlates fêmeas eram extraídas as tintas comerciais da Antiguidade de cor escarlate.
O verme vermelho (nome comumente dado a lagarta escarlate) subia na árvore por si só, ela procurava o carvalho, simbolo do seu destino. Jesus deixou-se morrer na cruz, ele mesmo deu a sua vida.
“Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade. Tenho autoridade para dá-la e para retomá-la. Esta ordem recebi de meu Pai”. João 10. 18
O verme sabe que quando ele sobe na árvore, ele não voltará vivo. Cumpre o seu destino que é dar vida a uma família. Da mesma forma Jesus ao subir no madeiro e lá cumprir os propósitos de Deus, deu vida a milhões de pessoas. Uauuu, que maravilha!!!
Uma vez na árvore, o verme vermelho garante segurança para sua futura família, pois o seu corpo será o refugio para a futura prole. Considere que não foram pregos que seguraram Jesus na cruz, foi amor, foi compromisso e a certeza de estar cumprindo a vontade do Pai. Esta mesma segurança os cristãos tem no Senhor que é Torre Forte e socorro bem presente na angústia.
A morte do verme – Semelhanças com Jesus
Após a sua morte, o verme vermelho deixa uma mancha na árvore, que o tempo não apaga. Depois de três dias, o gel deixado pela lagarta é raspado da árvore e será usado para fazer corantes, que são usados na tintura de tecidos e objetos.
Este corante foi o mesmo usado no tabernáculo e nas vestes dos Sumo Sacerdote.
O sangue carmesim de Jesus vertido na cruz nunca perderá o seu poder salvífico. Isto não é maravilhoso?
Após quatro dias, o lugar onde o verme estava, tem agora um formato de um coração. Contudo não é mais vermelho, é uma cera branquíssima, branca como a neve. Esta cera é recolhida e usada para fazer uma goma, que é usada para conservar madeira.
Lembra da referência que o profeta Isaías fez do pecado? Aqui está: “Venham, vamos refletir juntos”, diz o Senhor. “Embora os seus pecados sejam vermelhos como escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; embora sejam rubros como púrpura, como a lã se tornarão.” Is 1. 18
O verme quando esmagado libera um perfume delicioso. Bendito seja Deus que nos deu o melhor perfume, o perfume de Cristo, que foi esmagado por nossas transgressões. Você compreendeu agora por que Jesus foi comparado a um verme?
A profecia que compara Jesus a um verme
Seguramente o profeta Isaías conhecia este Salmos de Davi (22), pois em uma profecia chamou a nação de Israel de “vermezinho de Jacó” (Is 41. 14).
Que forma mais fofa! Que maneira singular e carinhosa de chamar o povo de Deus: vermezinho! Os vermes têm uma particularidade que mais nenhuma outra criatura viva neste planeta tem, esta particularidade reside no fato de existirem vermes em todos os cantos do mundo.
Os vermes vivem em todas as condições meteorológicas e nos extremos mais inóspitos do mundo, pois tanto vivem em ambientes subterrâneos com elevados níveis de ácidos e gases nocivos a qualquer outro ser vivo, como vivem nos ambientes vulcânicos, desérticos, glaciares, como vivem também em outros seres vivos.
Deus sabe exatamente a razão de chamar ao seu povo de “vermezinho”. Isto inspira cuidado, zelo pelo Todo Poderoso. Ele sabe qual é a condição dele e aquilo que quer dele.
Seja em momentos de crise, como era aquele que o povo de Davi e Jesus estava, e aqui aplicado também a Israel, seja qual for o lugar no mundo onde estiver. No momento em que precisar de ajuda, Deus diz “Eu te ajudo”.
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Assim como toda a terra está cheia de vermes, também será cheia do conhecimento da glória de Deus e Ele quer que seja este vermezinho, o povozinho de Deus na atualidade, num mundo de crises e em crise, a levantar a sua mão para ajudar o necessitado e a tornar conhecido o Deus dos vermes a toda a criatura.
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