Hoje, vamos abordar o aspecto social e religioso nos dias de Jesus, um assunto de vital importância para compreendermos os relatos dos evangelhos, lançando luz sobre determinados comportamentos das personagens daquele período e suas motivações.
Ao apagar-se a última lâmpada do antigo Testamento (Malaquias) e acender-se a luz do Novo Testamento (Os Evangelhos), nos deparamos com uma pujança de cores, formas, idéias e valores.
Para compreendermos os Evangelhos, urge conhecer as personagens que compõe este cenário. Acompanhemos abaixo os diferentes grupos religiosos nos dias de Jesus.
O escriba – Antes do cativeiro empregava-se esta palavra para designar a pessoa que tinha cargos no exército (Jz 5. 1; 2 Rs 25. 19), também se chamava “escriba” o secretário do rei, constituindo este emprego uma alta posição. 2 Sm 20. 25; 1 Rs 4. 3
O pastor J. Sidlow Baxter enumera pelo menos cinco fatores que mudou o conceito de escriba exposto acima, e que exigia um novo grupo ou corpo de homens que se tornaram guardiões, expositores, os doutores da Lei e de outras escrituras, sendo uma ordem de extrema importância na nação:
1– A conversão do povo judeu na metade do exílio, saindo da idolatria para uma nova e ardente fé em sua religião e nas Escrituras.
2 – A necessidade de professores especiais, servida então pelos exilados, devido à separação de sua pátria da capital e do Templo.
3 – A mudança do hebraico como linguagem falada para o aramaico, exigindo uma nova espécie de especialista no estudo e exposição das Sagradas Escrituras.
4- O aparecimento e difusão da sinagoga durante e depois do exílio na Babilônia.
5 – A intervenção da viva voz da profecia com Malaquias, e o acentuado interesse na palavra escrita da inspiração i, é, as Escrituras, provocado por este fato.
O mais famoso escriba foi Esdras, descrito como versado na Lei (Ed 7. 6), e proclamavam os escribas os seus direitos dizendo “Somos sábios, e a lei está conosco (Jr 8. 8)”.
Essênios – Nome de uma ordem religiosa existente nos dias de Jesus, eles se dedicavam a uma vida ascética em colônias na Judéia. Viviam no espírito da lei, tendo Moisés como sua principal autoridade.
Qualquer pessoa poderia ingressar na ordem, desde que se dispusesse a abdicar de seus bens em favor dela. Liam a lei de Moisés dia e noite e esforçavam-se a regular-se por ela nas menores partes.
Saduceus – Os saduceus formavam um partido (seita) judaico, oposto à seita dos fariseus. A maior parte de seus membros pertencia à alta aristocracia judaica.
Os líderes do partido eram os anciãos, com cadeiras no conselho, os oficiais militares, os estadistas e oficiais que participavam da administração dos negócios públicos.
Geralmente se afirma que o seu nome é derivado de “Zadoque” sacerdote no Templo de Davi (2 Sm 8. 17) e de Salomão (Mt 22. 23; Lc 19. 47; Jo 11. 49; 18. 13,14,24).
Encontram-se os descendentes de Zadoque no sacerdócio, depois do exílio, conseguindo eles organizar um partido que, nos seus fins, era tão político, quanto eclesiástico ou religioso.
Jesus e os religiosos de sua época
Os ensinamentos de Jesus constituíam-se um ataque frontal à sua posição, razão por que o vemos freqüentemente tramando astutamente contra Ele (Mt 22. 23; Lc. 19.47; Jo 11.49; 18. 13,14,24).
Os saduceus mantinham íntimas relações com o sacerdócio, sendo Anás e Caifás deste partido. (Mc 15; Lc 3.2; At 4. 1-22; 5. 17). Distinguiam-se dos fariseus nos seguintes pontos:
- Negavam a ressurreição e o juízo final, afirmavam que a alma morre com o corpo. Mt 22. 23-33; At. 23. 8
- Defendiam o livre arbítrio, ensinando que todas as nossas ações estão ao poder da vontade, de modo que nós somos a causa dos atos bons, que os males que sofremos resultam de nossa própria insensatez, e que Deus não intervém nos atos da nossa vida, quer sejam bons, quer não.
- Negavam a ressurreição e a existência de anjos e espíritos. At 23. 6-8; Lc 20. 27
- Rejeitavam a Lei, a qual sustentavam que só a palavra da Lei escrita os obrigava
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No próximo painel estaremos lançando um olhar sobre os fariseus, sendo o maior grupo religioso nos dias de Jesus, que é comparado a “um rio que corre debaixo da terra até vir à superfície”.
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