No evangelho de João capitulo 8 encontramos uma das mais eloquentes discussões de Jesus com os fariseus, no auge da discussão ele simplesmente escrevia na terra. Mas o que Jesus escrevia na terra diante da mulher adultera?
O objeto da discussão foi uma mulher adultera que fora trazida até Jesus. Obvio que a atitude dos fariseus era constranger a Jesus, apanhar-lo em alguma armadilha.
O evangelista João conta que na ocasião deste episódio Jesus estava ensinando no Templo. Os fariseus notaram a ocasião perfeita para desmoralizar a Jesus, pois colocava-o sem alternativa, a não ser condenar a pobre mulher, apanhada flagrantemente em adultério.
Óbvio que os falsos moralistas queriam fazer uma justiça seletiva, pois o parceiro da adultera não fora apresentado e segundo a Lei também ele deveria estar sendo julgado. Lv 20. 10 e Dt 22. 22
Os fariseus pressionavam a Jesus para que respondesse a pergunta formulada. Ele escrevia na terra. Enquanto escrevia, ele desviava a atenção dos acusadores da infeliz mulher, visto que todos esperavam para saber qual era posição de Jesus.
Parece ofensivo que numa discussão uma pessoa ao invés de dar atenção a seu interlocutor decida se distrair com outras coisas.
É a mesma coisa de você estar numa conversa importante com alguém e esta pessoa pegar o celular, verificar as mensagens, consultar o Whatsapp ou as Redes Sociais.
Jesus ganhava tempo, consultava seus arquivos mentais. Quando finalmente a resposta veio escrita e de forma verbal.
Impactante, a resposta desnorteou seus inquisidores, visto que eles foram confrontados com sua memória, com seus comportamentos mesquinhos e demagógicos que confrontavam a Lei de Moisés.
O que Jesus escrevia na terra para os fariseus?
Os fariseus não acreditavam no que Jesus escrevia na terra, do que estavam bem diante dos seus olhos. Visto pertencerem a uma classe de pessoas instruídas é de se imaginar que soubessem ler.
Pouco a pouco as letras iam sendo desenhadas, compondo verbos, substantivos e por fim a frase, revelando a oração já pronta. A sentença estava concluída.
Embora, os fariseus estivessem desconcertados com o que acabara de ler, todavia insistiam em saber de viva voz de Jesus qual era o seu veredicto.
O Mestre se endireitou e olhando diretamente nos olhos de seus interlocutores disse o que momentos antes houvera escrito na terra: “Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela”. João 8. 7
Foi um silêncio sepulcral! Jesus já houvera chamado os fariseus de hipócritas, sepulcros caiados e outros termos nada lisonjeiros. Desta vez mostrou as suas entranhas.
assim, Jesus evidenciou com uma única frase, quem de fato eles eram. Sem multiplicar palavras, apenas uma frase.
O efeito foi devastador. A voz de Jesus era suave, mas era como se estivessem gritando diretamente a consciência daqueles homens religiosos, dizendo “A retidão moral desta mulher é mais elevada do que a de qualquer um de vocês, quem pode me contradizer?” Não havia como contra argumentar.
Jesus perdoa a mulher adúltera
Jesus sabiamente resolve a questão afirmando que o conhecimento da verdade é que traz libertação, e a mulher adúltera acabara de ser liberta e perdoada. Em contraponto, lembra aos fariseus que seus dogmas e conceitos os escravizara.
Não fora Jesus quem havia condenado os fariseus. Fora seu passado sombrio e presente nebuloso quem os condenava. Eles pretendiam serem os guardiões da Lei de Moisés, mas esta os incriminava.
Os açoitava diretamente com a frase escrita na terra, que agora – cabisbaixos pela vergonha moral – cintilando diante de seus olhos, pareciam criar vida.
No interior de cada fariseu era como se as palavras de Jesus causassem uma imensa trovoada. Pouco a pouco a multidão inquisidora ia se dispersando.
O que Jesus escrevia na terra para a mulher adultera?
Neste ínterim, Jesus novamente se inclina e reinicia a escrever na terra. Mas o que ele escreve desta feita? Seguramente ele escrevia o perdão para a mulher.
Lembremos que os Dez Mandamentos foram escritos pelo dedo de Deus (Ex 31. 18; Dt 9. 10). A Torá fora escrita numa pedra para orientar o povo na relação com Deus e com o próximo.
A Lei de Moisés era um entendimento legal e jurídico, sem efeito de salvação, mas com poder de condenar a mulher que continuava ali prostrada, a espera da sentença. Outra vez Jesus escrevia na terra.
Nesta segunda ocasião a semelhança da primeira as letras iam se formando pouco a pouco, iam se ajuntando, compondo verbos, substantivos e por fim a frase, revelando a oração já pronta. O perdão estava liberado.
Jesus escreve um nova lei baseada na graça
Jesus acabara de escrever uma nova Lei, baseada na graça e misericórdia. A mulher acusada de adultério agora estava livre e perdoada. Jesus se endireita novamente e vendo ninguém mais que a mulher, lhe pergunta “Onde estão os teus acusadores? Ninguém te condenou?”
A mulher perdoada lança o olhar para o que Jesus houvera escrito e tenta ler o escrito, mas sem sucesso. Jesus compreende seu pensamento e diz “Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais”. João 8:11.
Ao mesmo tempo ela escuta “Eu também não te condeno, você está livre”. Estamos caminhando para finalizar esta reflexão, mas antes, gostaria que você visse este vídeo, que tem relação com o tema que estamos a desenvolver.
A Lei de Moisés, de quem os fariseus, saduceus e outros grupos pretendiam ser os zelosos observadores e guardiões era exclusivamente para os judeus, para a descendência de Abraão, Isaque e Jacó, por esta razão fora escrita em tábuas de pedra.
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Jesus escreveu na terra, dando a entender que a terra é de todos, é universal. A Lei foi reinterpretada e desenvolvida para que alcançasse a todos.
Agora que não há mais acusadores contra si, a mulher pode se levantar. Jesus age assim, primeiro tira o peso da acusação das nossas costas, livrando-nos das nossas dores, depois trata do nosso caráter.
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