Quero ir com você a um caminho que julgamos conhecer bem, a música gospel. A música esteve presente em manifestações religiosas desde os tempos mais remotos.
Durante a Idade Média, o canto gregoriano era reproduzido durante as cerimônias nas igrejas católicas, mas este é só um dos exemplos, e nem de longe é o mais antigo.
Com o passar do tempo, as religiões foram passando por transformações e novas crenças surgiram, mas se tem algo que não mudou é o uso da música para as manifestações de fé.
A música Gospel é um gênero que se consagrou por ser uma expressão da crença cristã.
A palavra “gospel” significa “boas novas”, sendo uma referência ao próprio evangelho que trata das boas novas que Jesus Cristo trará ao mundo.
Este tipo de música surgiu nas igrejas como uma maneira de cantar todos os valores pregados pelo cristianismo, desde o amor a Deus e a Cristo, até a importância da caridade, solidariedade e união.
Música gospel, um show de luzes e cores
A música gospel deixou de ter a Igreja como cenário para ganhar os palcos, que por um lado foi positivo. Já que, tornou-se possível levar a mensagem cristã a um número maior de pessoas.
Infelizmente essa nova música gospel acabou se divorciando de muitos valores que antes pregava.
O divórcio veio em nome da fama, do sucesso e do lucro. O gospel acabou se vendendo ao mercado musical, permitindo-se virar um produto como outro qualquer.
Essa mercantilização não é de agora, vários grupos que se designavam próprios da música gospel e que surgiram após a Segunda Guerra Mundial traziam suas melodias gritadas, com roupas extremamente extravagantes e com danças que dificilmente poderiam ser relacionadas à religiosidade.
Isso tudo porque era o que fazia sucesso na época. Era o que vendia.
O que se vê hoje são músicas nas quais o centro de adoração – que antes era o principal, como a figura de Deus e Jesus Cristo – é apenas um detalhe, chegando muitas vezes a ser deixado em segundo plano.
O foco acaba sendo muito maior em temas como a teologia da prosperidade, o incentivo para conseguir vitórias no mundo material.
A consequência dessa nova abordagem é facilmente percebida. O mercado musical gospel acabou se tornando altamente rentável. Despertando muitos questionamentos sobre ser esta a forma mais correta de louvar a Deus.
A adoração se tornou um mero detalhe
O elemento de adoração é mero fator. O que importa é estar bem. A teologia da prosperidade trabalha com palavras de incentivo, de vitória, de alto exaltação.
Os shows desse gênero movimentam milhões de pessoas e de reais, motivaram a construção de templos com até 60 mil lugares com o objetivo de comportar todos aqueles que vão assistir.
Em meio a tudo isso, a música gospel acabou tomando um caminho diferente, distanciando-se dos seus valores originais.
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Outras temáticas acabaram sendo decorrentes de toda esta situação, como a formação de fã-clubes dedicados a cantores e grupos de música gospel – ou seja, o fanatismo estaria invadindo esse universo?
Será que ainda seria possível retornar aos fundamentos do cristianismo e recolocá-los como o centro da música gospel? Fazer com que este gênero volte a ser uma manifestação de louvor e de princípios é um desafio.
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