Há personagens bíblicos que nos surpreendem com sua história, atitudes e exemplos. É o caso da mulher samaritana retratada no evangelho de João 4. 1-26. O episódio do encontro de Jesus com a mulher samaritana é um riquíssimo relato de informação bíblica.
O resultado do encontro de ambos é que tanto a vida da mulher, quanto a vida da Comunidade samaritana foi impactada e transformada como resultado deste feliz encontro.
Primeiramente vamos fazer um histórico da vida desta mulher de que tanto se fala nos púlpitos e igrejas cristãs. Depois, vamos apresentar o excelente trabalho evangelístico que a samaritana fez através da sua liderança transformacional. Siga-me através das páginas das Escrituras Sagradas para aprendermos com a mulher samaritana.
Os fariseus tinham a informação de que Jesus fazia e batizava mais discípulos do que João. Ainda que não fosse verdade, esta noticia não era boa para Jesus, que para evitar conflitos desnecessários, determinou deixar a Judeia e seguir para a Galileia. A rota mais rápida entre estas duas cidades era passar por Samaria. Jo 4. 1-5.
Jesus sabia que poderia sofrer hostilidades em Samaria. Havia sentimento de amargura histórica entre judeus e samaritanos que reportava ao tempo da conquista Assíria do Reino do Norte em 721 aC. Na ocasião os nativos foram deportados e substituídos por cativos pagãos de todo o império assírio (2 Reis 17. 3). Esta mistura de gente fez com que o culto fosse corrompido.
Esta situação impar fez com que os judeus proibissem os samaritanos de frequentar o Templo em Jerusalém. Quando os judeus regressaram do exílio, os samaritanos construíram um Templo no monte Gerizim. Então os judeus afirmavam que o local de adoração era no Templo de Jerusalém ao passo que os samaritanos desdenhavam e afirmavam ser o Templo no monte Gerizim.
Quem foi a mulher Samaritana
E assim, descobrimos Yarin, que ainda criança fora vendida pelo pai a um homem rico e viúvo. O intuito do comprador era torná-la sua esposa no futuro. Anos depois Yarin, já mulher e extremamente bela foge e retorna a casa do pai com a intenção de fazer um ótimo casamento. A jovem se casa com um rico fabricante de azeite, tendo ficado viúva pouco tempo depois.
Yarin não tivera filhos deste casamento. Uma lei local determina que para manter o nome do morto ela haveria de se casar com o irmão do falecido. O novo marido de Yarin falece prematuramente, o que a leva ao terceiro casamento e assim sucessivamente até o quinto casamento.
O quinto marido de Yarin descobre que ela tomava ervas para evitar a gravidez e toma uma atitude que complica ainda mais a vida da samaritana, expulsa-a de casa. Ela então volta a morar na casa do pai. Tempos depois ela conhece um criador de porcos, com quem se envolve e passa a viver maritalmente.
O encontro da mulher samaritana com Jesus
Jesus vinha de uma viagem de cerca de 175 km para chegar ao seu destino, cansado da viagem faz uma parada para descanso junto ao Poço de Jacó, enquanto seus discípulos havia ido à cidade mais próxima para comprar alimentos.
Estrategicamente Jesus havia alterado o seu destino e encontrava-se sozinho. Era possível que a mulher samaritana não respondesse ao dialogo de Jesus caso ele estivesse acompanhado dos discípulos.
O poço de Jacó é um dos lugares mais autênticos de todas as terras bíblicas. É também conhecido como Fonte de Jacó e Poço de Sicar. O local é um poço profundo com dezenas de metros que foi escavado na rocha sólida e cujas bordas deixaram inúmeras reentrâncias das fricções constantes das cordas com as quais puxavam os odres ou vasilhas de água. Saiba mais sobre a arqueologia do poço de Jacó.
Jesus estava junto ao poço e eis que com o sol na maior força do dia chega Yarin para tirar água. Para evitar a fadiga e o inclemente calor as demais mulheres iam tirar água no finalzinho da tarde, mas Yarin estava ali, diante do mestre da vida.
Fosse Jesus uma outra pessoa qualquer olharia para a samaritana com desdém, visto que a mulher não era benquista nem entre seu próprio povo, que dirá aos olhos de um judeu que evitava a todo custo o contato com os samaritanos. Mas, no caminho em que Jesus está há um sempre um milagre em andamento, e a transformação de uma mulher tão valorosa estavam em curso.
Gostaria que visse o vídeo abaixo do Davi Sacer, No Caminho do milagre que ilustra bem o encontro transformador de Jesus com a samaritana. Volto logo em seguida.
Um líder tem personalidade
Voltei. Jesus inicia o dialogo prontamente correspondido por Yarin. O que se segue é um dialogo eloqüente que revelará a liderança e a fibra da samaritana. Prontamente ela questiona a Jesus por que ele pede água a ela. Yarin mostra personalidade diante de Jesus e aqui está um quesito fundamental para um líder, personalidade.
Note que a mulher não ficou sem responder, nem tampouco se lamentou da sua triste condição. Os lideres enfrentam as adversidades com o peito erguido, pois sabem que as vicissitudes atingem a todos os homens.
Jesus despertou na mulher samaritana os três instintos básicos presentes nas pessoas, interesse, conforto físico e conveniência. Jesus falou a mulher que caso ela conhecesse a Deus e quem naquele momento estava representando-O diante dela, bastaria um pedido, ela receberia água viva.
A mulher samaritana havia notado que Jesus não tinha como retirar a água e ademais o poço era fundo. Não era possível ele estender a mão e pegar a água. Apesar de curiosa sobre como Jesus ia realizar tal tarefa, a valorosa mulher não apresentou obstáculos para negar o pedido de Jesus.
O líder age assim, propõe meios e recursos para realizar determinada tarefa, ele não diz: “Ah, isto não é possível fazer!”. No entanto, ela o sondou com o intuito de tirar o máximo de informação dele. Esta é uma característica valiosa de um líder, tirar o máximo de informação das pessoas com quem mantém contato.
A mulher samaritana não foi aceitando de imediato a água que Jesus oferecia, mas questionou-o. Perguntou respeitosamente se ele era maior do que Jacó que havia aberto o poço com muita dificuldade e que tivera sido de providencial recursos para si e futuras gerações.
Um líder não se apega ao seu passado
Um líder não se apega ao seu passado corrige suas ações no presente. Como disse mais acima, as pessoas querem interesse, conforto físico e conveniência. A mulher samaritana foi despertada no seu interesse e conforto físico de não mais precisar ir tirar água. Era conveniente a proposta de Jesus de supri-la de água.
Mas Jesus falava da condição espiritual. Estava em evidência a salvação da mulher e de toda a Samaria. Jesus diz a Yarin para que ela vá e retorne com o marido. Prontamente ela diz que não tem marido. A mulher falou a verdade a Jesus, não expôs o seu passado, não lamentou. Foi sucinta em sua resposta.
Vou revelar uma curiosidade (como diz alguns pentecostais: (Eita Deus, é mistério!) Cada um dos matrimônios da mulher samaritana foi rompido com a morte de seu companheiro, levando-a a um próximo casamento. É sintomático Jesus dizer que o atual companheiro de Yarin, não era de fato seu marido legitimo.
Há teólogos que sustentam que este episódio é uma alusão a idolatria das nações que fora introduzida no território de Samaria, a saber: Babilônia, Cuta, Ava, Hamate e Sefarvaim.
Jesus, o último marido da mulher samaritana
Espiritualmente cada um dos maridos da mulher samaritana, representados nestas nações foram vencidos pela morte. Mas, o sexto marido – Jesus, o Rei da vida – Jesus manifestou seu poder sobre a morte.
O Messias seria o sexto marido, esperado pelos samaritanos, porém não reconhecido na figura de Jesus (2 Rs 17. 24-34). Corrobora esta tese o casamento de Oséias que usou o amor como fator de expiação. Verificar Oséias capítulos 1 ao 3.
O casamento de Oséias é representado como uma caricatura da infidelidade de Israel a Deus. Havia chegado a hora de Jesus apresentar-se como o Messias ao povo samaritano, a hora do resgate era chegada e a mulher samaritana era o instrumento de transformação.
Jesus expôs a vida da mulher samaritana, que reconheceu nEle um profeta, mas uma duvida persistia, ela havia crescido sabendo da rivalidade entre judeus e samaritanos, cada um deles afirmando e reivindicando a presença de Deus em seus respectivos templos.
Jesus responde que a condição de lugar não é importante, não é a igreja que salva. O que salva é a condição do coração em aceitar a verdade divina e nela permanecer.
A liderança transformacional da samaritana
A vida da mulher samaritana estava redimida. Uma nova fase se iniciara, a de uma missionária, agora ela seria usada como uma fonte de transformação para a cidade de Samaria. A transformação obtida por ela a impactava tão positivamente que ela deixou o seu cântaro e foi à cidade anunciar o ocorrido.
Liderança transformacional é o meio principal de influenciar e transformar o outro. O líder transformacional trabalha para transformar os pensamentos e ações de indivíduos, grupos e organizações. Uma arma poderosa usada pelo líder transformacional é o carisma. Clique no link a seguir para saber mais sobre liderança transformacional.
Carisma é uma atração irresistível, ele impulsiona as pessoas a seguir um líder. Um líder transformacional deve ter visão, articulando uma visão de mudança para seus seguidores. Motivação e entusiasmo também são elementos encontrados em lideres transformacionais.
Estas qualidades levam o líder a inspirar e motivar os outros a descobrir e fazer o seu melhor, levando-os a vencer desafios, a romper preconceitos.
Foram justamente estas ações que a mulher samaritana levou o povo da cidade a fazer. Ela insistia com todos, solicitava que o povo a acompanhasse a fim de certificarem-se do exposto por ela. A missão estava cumprida. O líder leva seus liderados a concluir uma ou mais tarefas.
Os discípulos de Jesus entra em cena
Neste ínterim os discípulos insistiam com Jesus para que comesse alguma coisa, ele respondia enigmaticamente que estava saciado por haver feito a vontade de Deus e realizar a sua obra. O ditado “quem planta, colhe”, é surrado, mas muito verdadeiro. Jesus havia plantado uma verdade no coração da samaritana que ia resultar numa abundante colheita.
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Cada um daqueles samaritanos era agora um seguidor de Jesus, era uma testemunha viva. Ele usou o episódio do encontro com a mulher samaritana para lembrar aos seus discípulos que não devemos ficar esperando um sinal especial para nos lançamos a colheita, visto que os campos estão prontos.
Os discípulos aprenderam também que cada um deles era um multiplicador, era um líder transformacional.
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