Fosse escrever um titulo para o livro de Malaquias, seguramente seria Malaquias, formalismo e indiferença, um retrato do nosso tempo.
Para compreender bem o Livro de Malaquias é importante conhecer a história da Palestina entre o período egipcio e romano.
O titulo se deve as muitas semelhanças entre a geração de Malaquias, Ageu e Zacarias, contemporâneos, quanto a nossa geração.
O nome Malaquias, significa: “meu mensageiro”, é uma contração do nome “Malak Yah”, (mensageiro do Senhor).
Além do profeta identificado como mensageiro, há registrado no livro, três outros mensageiros, a saber: O mensageiro sacerdote (2. 7). O mensageiro precursor (3. 1), e o mensageiro da aliança (anjo) – 3. 1
O livro de Malaquias foca na mensagem e nos mensageiros. O mensageiro sacerdote é o que detém o poder da Palavra, o que instrui o povo.
O mensageiro precursor é o que se adianta a frente para preparar a vinda de outrem. Isto envolve a proclamação e o aviso da chegada de outrem.
A mensagem do Livro de Malaquias
Quanto ao mensageiro da aliança é que vai dar legalidade a um acordo firmado, que vai selar a aliança. A mensagem no livro de Malaquias era urgente. Era imperioso anunciar ao povo as coisas que haviam de vir. Gl 4. 4; Ag 2. 7
Marcos no principio do seu evangelho faz a conexão com o Antigo Testamento (Mc 1.1,2) ao se referir ao precursor do Cristo e concluir logo em seguida “O tempo está cumprido”.
Igualmente Mateus e Lucas fazem-lhe coro: “Para que se cumprisse”, confira Mt 1. 22; 2. 15,17,23; 3. 15 e pp. Lc 1. 1, 45; 4. 21; 18. 31 e pp.
O que a tradição judaica diz de Malaquias
Nada se sabe à respeito do profeta, exceto o seu nome, o que leva á afirmação de que o nome Malaquias, não é um nome, e sim um título. A tradição judaica afirma que, Malaquias, Ageu e Zacarias eram membros da grande sinagoga.
Nenhum livro profético do Antigo Testamento chegou até você anônimo, por estas razões sustento que Malaquias era o seu verdadeiro nome. Ele foi o último profeta de Israel.
Malaquias optou por um discurso contínuo, com o emprego de um estilo direto, vigoroso e contundente, para denunciar as formalidades e indiferenças de um povo.
Ele utilizou o método de perguntas e respostas. Este método revela-se eficaz por chamar á atenção rapidamente ao assunto principal. É o que chamamos na oratória de Discurso direto.
Nesta forma provocante, apresenta as mais importantes queixas do Senhor contra os judeus, e suas consequentes reações. Em cada ocasião quando acusados de pecado, eles contradizem o Senhor, pedindo provas das acusações. 1. 2,6,7; 2. 10,17; 3. 7
Contexto histórico do Livro de Malaquias
Não é possível fixar com exatidão a data da escrita do livro de Malaquias. Todavia, se pode chegar á uma data aproximada através das referências históricas do texto. Estas observações sugerem uma data aproximada de 430 ª C. Ne 13.6-31
Confira na imagem a seguir os principais eventos do Livro de Malaquias.
Contexto profético do Livro de Malaquias
Os judeus haviam retornado do exílio impulsionados por grandes esperanças. Instigados por Ageu e Zacarias, haviam reconstruído o Templo original. Com o passar dos anos o primeiro entusiasmo do retorno havia passado, dando lugar á desilusão.
A vida estava difícil. Estavam cercados por inimigos. Sofriam por causa da seca e das más colheitas. Diante desse quadro começaram a duvidar do amor de Deus. Malaquias responde-lhes, demostrando que o ceticismo se baseava na hipocrisia.
O profeta condena os pecados do povo e convoca-o ao arrependimento. Caso obedecessem aos mandamentos do Senhor, o resultado seria as bênçãos de Deus.
A expressão “Peso da Palavra do Senhor”, é usada pelos profetas para designar a incumbência de anunciar a Palavra de Deus. Esta frase era geralmente utilizada quando a mensagem trazia em seu bojo, palavras de castigo e destruição. Is Caps. 17.-23; Na 1. 1; Hc 1. 1 e Refs
A responsabilidade do profeta
Denotava também a responsabilidade do profeta em anunciar a mensagem (Jr 20. 8-11), ainda que sofresse toda sorte de injúrias, perseguições, murmurações ou que julgasse o ministério infrutífero (Jr 25. 3,4). Mesmo assim pesava-lhe esta obrigação (1 Co 9. 16). Não poderia calar-se (Jr 20. 9; Sl 39. 2,3).
Os judeus haviam voltado do exílio, cheios de sonhos, esperança e projetos. Entretanto, se deparam com uma terra hostil, em ruínas. Inimigos externos e internos, que tudo lhes faziam para impedir que prosperassem.
Quando o Senhor fala-lhes do seu amor, eles replicam em tom de ironia: “É mesmo? Quando foi?” (Ed 4. 6,8; Ne 4. 6). A semelhança de Gideão eles perguntam: “Porque tudo isso nos sobreveio?” O Senhor afirma que eles haviam sido escolhidos, em preterição de Esaú.
Eles importavam-se somente com os bens materiais, em detrimento do espiritual. O Senhor os exorta a levantar os olhos e a reconhecerem seu cuidado e amor. Sl 73. 1-3,16-18; Hc 3. 17,18
O Nome de Deus desonrado
Em Israel, a atitude de honrar o pai, era salientada acima de todas as outras. Pensar em Deus como Pai, por conseguinte; deveria resultar em honra à sua autoridade e majestade.
As relações entre pais e filhos em Israel eram claramente orientadas pelo Decálogo. (Êx 20. 12; Dt 5. 16 e Refs.)
A lei condenava a perder a vida, o filho desobediente ou que amaldiçoava ao pai ou a mãe. (Lv 20. 9; Dt 27. 16 e Refs.) Se as relações entre pai e filho, comportavam o temor e a honra, O Altíssimo questiona a insensatez dos judeus.
Estes o chamavam de Pai Celestial, porém, honrando-o apenas com os lábios, negando as ações correspondentes as palavras, profanando-lhe o nome.
O altar de Deus desonrado
Os sacerdotes oficiantes no Templo traziam e ofereciam ao Santíssimo, ofertas fora dos padrões estabelecidos na lei. (Lv 22. 22; Dt 15. 21)
Ao serem informados que suas ofertas profanavam a Deus, eles replicavam com ironia: “Em que te havemos profanado?”
Eles desprezavam o altar de Deus ao concluírem que: “A mesa do Senhor é desprezível”. Com este raciocínio apresentavam qualquer tipo de oferta, sem atentar para sua qualidade.
A repetição de que não havia nas ofertas mal algum é feita com censura e ironia. Os judeus estavam sempre dispostos a modificar as exigências e as leis de Deus, segundo as circunstâncias e conveniências.
Os esforços empreendidos para conquistar os favores de Deus, eram malogrados por atitudes mesquinhas. Tinham a ousadia de oferecer ao Sagrado o que não se atreveriam apresentar ao seu governador.
O profeta apela para o bom senso deles, que é mais sensível no plano humano, no que no divino.
O Senhor os exorta a restaurarem à adoração, lembrando-lhes que caso não queiram, ainda assim, o nome do Senhor seria conhecido em toda a terra, e caso persistissem no desprezo ao Senhor, serão amaldiçoados. Jr 48. 10
A incompreensão da verdade
Duvidando do amor de Deus, os judeus colocavam em dúvida a justiça do Justo. Argumentavam que não havia proveito na obediência aos seus mandamentos, em andarem retos perante Ele, pois os ímpios, que dependiam de si mesmos, prosperavam.
Estes pensamentos revelavam que eles não tinham a compreensão da verdade, (Sl 82. 5; Ml 4. 12; Ef 4. 18 e 2 Tm 3. 7). Não compreendendo a verdade, viviam na superficialidade.
Capítulo II – Indiferença à lei de Deus. Lc 7. 32
Indiferença dos sacerdotes
O escritor aos hebreus declara que: “Os sacerdotes eram constituídos nas coisas concernentes á Deus a favor dos homens, oferecendo dons, sacrifícios e ofertas”. Portanto, a idéia fundamental de sacerdote é a de mediador entre Deus e os homens. Nm 6. 23-27
A verdadeira instrução encontrava-se com os sacerdotes (v. 6), quando esta era ministrada muitas pessoas se convertiam de sua impiedade.
Aqui (v. 7), o sacerdote é chamado de anjo ou mensageiro, o que implica o dever de proporcionar o conhecimento do Senhor. Outrossim, o concerto de Deus que era de vida e paz (v. 5), fora corrompido com grandes prejuízos para a nação. (v. 8)
Malaquias revela-lhes o tratamento desonroso que os aguarda: “Espalharei esterco sobre os vossos rostos, o esterco das vossas festas”, (v. 3).
O bucho era a porção atribuída aos sacerdotes (Dt 18. 3), o excremento do bucho dos sacrifícios nos dias de festa seriam lançados sobre os seus rostos.
A exortação ao ministros do santuário
Os ministros do santuário são exortados a ouvirem e obedecerem os mandamentos do Legislador, (vv. 1,2). Prestando eles ouvidos á declaração de juízo, Ele continuaria mantendo a aliança que fizera com Levi.
Há um contraste entre a conduta ímpia dos sacerdotes, com a forma piedosa com que os descendentes de Levi mantiveram-se fiel aos preceitos divinos. (v. 6)
Por conta dessa fidelidade, o Sagrado fez uma aliança com Levi e os seus descendentes. ( Nm 25. 12,13; Êx 32. 25-29; Dt 33. 8-11).
Exorta o senhor aos sacerdotes a que observem a conduta de Levi (1 Co 11. 1); pelo mau comportamento deles, muitos tropeçaram na lei, tendo se desviados dos estatutos do Senhor (v. 8). Por este comportamento, os ministros do altar perderiam o prestígio e respeito junto ao povo. (v. 9)
Todas as vezes que violamos o concerto do Divino, imediatamente desobriga-se Ele a nos dispensar as bênçãos preparadas para nós.
Porquanto, isto fica claro no capítulo 28 de Deuteronômio. Os israelitas cumprindo a lei do Senhor e sendo-lhe fiéis, seriam abençoados em todas as circunstâncias de sua vida. Doutra forma teriam que arcar com as maldições descritas no Pentateuco.
Indiferença no cumprimento dos votos
Os sacerdotes seriam reprovados quanto a ministração de suas funções pela conduta apresentada. Malaquias revela outra situação que ocorria com eles, somando-se as já existentes: O casamento com mulheres estrangeiras.
O assunto é introduzido, questionando-os á respeito de suas origens.
A afirmativa de que por Deus foram criados, lembra-lhes que homens e mulheres têm uma mesma posição diante de Deus como Pai e Criador (1.6). Logo, deveriam unir-se desprezando qualquer traição. (v. 10)
Com o intuito de preservar esta unidade, os elementos estranhos deveriam ser evitados. Porém, toda a nação havia duplamente infringido a lei, (Dt 7. 1-4 e Refs).
A questão do divórcio no Livro de Malaquias
Divorciaram-se das suas esposas judias, contraindo matrimônio com mulheres pagãs. (v. 11; Ed 9. 1,2; 10. 1-4; Ne 13. 25-27) Por profanar a santidade divina (v.11), o Santíssimo ameaça destruir a todos, sem exceção. Até aqueles que ofertassem seriam incluídos no juízo. (v.12)
O casamento com mulheres estrangeiras implicava um outro aspecto; tais casamentos envolviam divorciar-se de suas esposas judias. As divorciadas, sentindo-se prejudicadas, apresentavam a situação ao Senhor.
Assim, quando os ex-maridos viessem apresentar as suas ofertas, as mesmas não seriam aceitas pelo o Senhor (2.13; 1 Pe 3. 1; Is 1. 14; Am 5. 21).
Sendo o casamento instituído por Deus (Gn. 2.24 e Refs.), é natural e aceitável que o modelo fosse o monogâmico. A poligamia e o divórcio não são apropriados à criação de filhos no temor do Senhor. (v. 15 2 Sm 3. 23; Cap. 13 e Refs.)
O objetivo de Deus em alcançar uma posteridade piedosa estava sendo frustrado e anulado através das ações dos israelitas.
Estes são advertidos à se comportarem de forma inteligente, sensata; não implicando em deslealdade para com o seu conjugue. (v. 15)
Deus detesta tanto o divórcio, quanto á violência. O ponto em foco aqui (v. 16), é ao antigo costume de colocar uma vestimenta sobre uma mulher para tomá-la como esposa, (Rt 3. 9; Ez 16. 8).
Consequentemente, o homem age com deslealdade e covardia, cobrindo-a de violência. Is 59. 6; 1 Pe 3. 7
O desprezo á justiça de Deus
O povo havia aborrecido ao Senhor, questionando-o á respeito de sua bondade e misericórdia. Visto como eles haviam passado por provas e dificuldades no exílio e no pós-exílio, argumentavam dizendo que o Senhor não se agradava deles, ao passo que os ímpios prosperavam, (v. 17; Sl 73; Hc 1. 1).
Não se sujeitando a justiça do Senhor, estabeleciam um raciocínio tortuoso, agravando ainda mais o conflito. Is 5. 7; 59. 14; Tg 1. 20
Capítulo III – Indiferença á mensagem Mt. 24.12
Malaquias bruscamente enfoca outra questão de singular interesse para Israel; a volta do Messias, a quem eles esperavam. O presente capítulo (3), começa com a expressão “eis”, ou seja, prestem atenção, que eu irei responder à questão da vinda do Messias, (2. 17).
Porém, os israelitas questionavam: “Onde está o Deus do juízo?” Aqui (v. 1), o Senhor responde-lhes que virá ao seu Templo, mas… quem suportará o dia da sua vinda, (v. 2). Quem se encontra preparado para aceitar a mensagem que será proferida?
O mensageiro enviado
A função do mensageiro era preparar o povo para aceitar a Palavra do Senhor. Encontramos um paralelo dessa profecia em Is. 40. 3-5, e faz referência ao costume de os reis orientais enviarem homens adiante deles para removerem todo o obstáculo ou barreira que porventura houvesse em seu caminho.
Os obstáculos e barreiras referidos pelo profeta, seriam a indiferença e oposição do povo para com a mensagem divina.
O mensageiro retratado é João Batista, (Mt 3. 3; 11.10 e Refs.). Porém, sua vinda não implicava que fosse nos dias de Malaquias, mas sim no tempo determinado por Deus. (Ec 3. 1; At 7. 31; Is 14. 27)
A figura do lavandeiro trabalhando para tirar as manchas do tecido, é aqui lembrada intensamente. Outrossim, lembramos-nos de que o êxito do lavandeiro está associado á qualidade e o emprego eficaz do produto usado. Is 1. 16; Jr 2. 22; Ef 5. 26
Quando o juízo vier, ele por certo começará pela casa de Deus, (1 Pe 4. 17). Este assentar-se-á, como o refinador, que tem diante de si o cadinho, vigiando tanto a intensidade do fogo, como o metal que está sendo purificado, (v. 3).
O juízo aplicado, exporá e condenará os faltosos, (v. 5; Jd 15). No entanto, para aqueles que aceitassem a mensagem, teriam o privilégio de ter a moral e santidade resgatadas, tendo como consequência:
As ofertas aceitas como suavidade (1. 9-11).
Aqueles que se afligiam (a minoria, 3. 16), pelos pecados da maioria (3. 2; 2 Pe 2. 7,8), constataria que o juízo e castigo de Deus para os ímpios, seriam executados com rapidez.
O Senhor oferece a eles a oportunidade de se arrependerem (v. 6), afirmando o seu maior atributo na vida da humanidade: o amor. (1. 2; Jo 3. 16; Jr 31. 3 e Refs.)
Por esta razão, eles não foram destruídos, pois objetivava o Senhor que muitos se salvassem. (2 Pe 3. 9: Ap 3. 2)
O povo é notificado que está desviado
Dos estatutos do Senhor
O profeta, agora, apela ao povo para que se volte ao Senhor e a observância dos seus estatutos. O povo é notificado, que, o desvio dos mandamentos do Senhor, reportava ao tempo de seus pais, (Sl 78. 5-19). Quisera Deus que eles fossem como Davi, que foi aplicado e diligente em observar a lei do Senhor (Sl 119).
Há nesta passagem (3. 7), um diálogo contínuo e uma expectativa do Santo; que Israel reconheça os seus erros e se arrependam… Mas, fenece-lhe a expectativa ao surgir a pergunta: “Quando foi que te deixamos?”
Apesar do longo tempo afastado do Santíssimo, Este está pronto a recebê-los; se eles se voltassem em verdadeiro arrependimento de suas ações.
Em sua indiferença, Israel não sente a necessidade de conversão dos seus caminhos, questionando o Senhor: “Em que havemos de tornar?”
Os dízimos não estavam sendo trazidos à casa do Senhor. Por esta razão, o povo é acusado de roubar a Deus. Roubando ao Sagrado, eles roubavam a si mesmos, pois tinham o fracasso da colheita, e a conseqüente fome, juízos correspondentes ao seu pecado.
Do pagamento dos dízimos
O insigne mestre G. Ernest Thomas define o dízimo como: “O hábito regular pelo qual um cristão, procurando ser fiel á sua crença, põe à parte, pelo menos dez por cento de suas rendas, como um reconhecimento das dádivas divinas. Ele reconhece assim, que Deus é o Senhor de todas as fontes terrenas”.
No Evangelho de Mateus, Jesus censura aos escribas e fariseus, por causa da conduta que eles apresentavam: Dizimavam dos produtos da terra, omitindo outras práticas igualmente importantes (Mt 23. 23), para um bom relacionamento com Deus e o próximo.
Das observância das ofertas
As ofertas eram oferecidas a Deus, desde os primórdios da humanidade, (Gn 4. 3,4; 15. 9-11). Constituíam as ofertas uma feição característica do culto divino.
A oferta alçada, era uma oferta levantada dentre as outras (Lv 7. 14; Ex 29. 27), ou proveniente do produto ganho pelos esforços da pessoa que ofertava (Dt 12. 6).
Os israelitas queriam as bênçãos do Senhor, apesar disso, pela conduta apresentada, eles eram amaldiçoados, sofrendo as consequências de seus atos:
- Quando esperavam boas colheitas, a safra não era satisfatória
- Quando levava a pouca colheita para casa, o Senhor assoprava; ou seja, não abençoava
- Os céus retinham o orvalho
- A terra não produzia
- Tanto a natureza, quanto o homem, sofria os efeitos da estiagem
O povo é desafiado por Deus a trazerem todos os dízimos à casa do Senhor, manifestando-lhes que caso não cressem, que fizessem provas d’Ele, (Sl 34. 8; 1 Pe 2. 3). O Santíssimo retribui com bênçãos a quem é inteiramente devotado a Ele. (1 Co. 15. 58)
As janelas abertas
O termo “janela”, empregado aqui (v. 10), significa abertura, passagem, rasgão. Você pode até questionar: “Portas apresentam uma maior abertura do que janelas, por que não abrir portas?” O fato de abrir janelas, significa criar oportunidades para que o povo seja abençoado.
Abrir as janelas do céu, portanto, é contemplar a terra com as benfazejas chuvas, tão esperadas pelo agricultor. (Sl 65. 10; 147. 8; Jr 5. 24; Jl 2. 23) Os israelitas tinham na agricultura a sua fonte de subsistência.
Na falta das chuvas; a falta de colheitas e produção, e a conseqüente pobreza. Dt 28. 23; Lv 26. 19,20
O Senhor lança o desafio, para que o povo levasse os dízimos ao Templo, dando-lhes a oportunidade de o provarem, pedindo-lhe chuvas, que certamente seriam enviadas, (Os 10. 12; 1 Co 9. 10).
E não somente isto; o Senhor repreenderia todas as pragas agrícolas. Como o Senhor é magnífico. Ele nos faz muito mais do que pedimos, pensamos e esperamos. Ef 3. 20
Repreendendo o devorador
O Senhor garante a Israel que todo o fator prejudicial á uma boa colheita, será aniquilado. Quando a chuva regasse a lavoura, não haveria praga para destruir a safra.
O devorador aqui descrito (v. 11), tem dupla interpretação: Em representação literal é o gafanhoto, (ou qualquer praga agrícola), que é o terror dos agricultores, devido ao seu elevado poder de destruição. No sentido figurado, é o nosso adversário e suas hostes satânicas, que é comparado a devorador. 1 Pe 5. 8 Refs.
As metamorfoses dos gafanhotos
Os gafanhotos passam por seis metamorfoses, até alcançarem a idade adulta. Uma vez atingido o tamanho adulto, pelo instinto gregário se encaminham em uma só direção, causando uma devastação maciça nas plantas que encontram, devastando até mesmo a casca das árvores, (Jl 1. 7).
A medida que avançam, só há um meio de pará-los: mudança brusca de temperatura, pois o frio os paralisa. A noite se mantém inativos, mas, tão logo surge os primeiros raios de sol, alçam vôo, ocasião em que sentem muita fome. Na 3. 17
O livro do profeta Joel nos apresenta um cenário de destruição, tendo como agentes da ira divina, os gafanhotos. Joel descreve quatro tipos de gafanhotos (Jl 1. 4).
O cortador mora na lavoura, tem ele o poder de cortar parte do fruto, não causando grande estrago. O migrador é uma espécie diferente, voa em bandos, de um lugar para outro.
O devorador pode levar o agricultor a falência, com um poder de destruição imenso, não deixando ao lavrador, meios de subsistência.
O destruidor é o que possui o maior poder de destruição, chegando na lavoura, a destruição é certa. (Êx 10. 7) O Senhor repreenderia não somente o gafanhoto devorador, porém, todas as espécies de pragas agrícolas. Os frutos da terra e do campo produziriam e seriam colhidos com ações de graças. Is 65. 21,22
O Memorial de Deus
O Senhor reclama da agressão que vinha sofrendo por parte do povo, este argumenta dizendo: “ Que temos falado contra o Senhor?” , (vv. 14,15).
No entanto, o povo tinha o coração endurecido, ouvidos tapados, olhos fechados e coração insensível para não aceitarem as admoestações do Senhor.
Uma mente insensível, cauterizada, por mais que seja exortada , repreendida e convidada a mudar o seu comportamento, não aceitará. O seu fim será a perdição. (Mq 4. 12; At 28. 27; 1 Tm 4. 2; Ef 4. 19)
Há uma evidente inversão de valores (Is 5. 20), com a conseqüente perda de valores espirituais. A conduta do próximo era imitada, e como o juízo tardava a vir, a tendência era outros se desviarem. Sl 42. 7; Ec 8. 11; Sl 73
Deus nunca abandonou os homens à sua própria sorte, (At 17. 23-30). Foi reservado uma minoria que lhe servia com amor e dedicação (I Rs 19. 18), afligindo-se pela situação, (1 Pe 2. 7,8).
Estimulavam uns aos outros a buscarem a face do Senhor, orando por um avivamento (Is 41.6; Hb 10. 24,25; Sl 42. 4).
O esforço do grupo não era em vão. Malaquias afiança que diante de Deus há um Memorial para registrar as petições de quem lhe é fiel. Acompanhe no quadro as finalidades do Memorial do Senhor:
O Eterno fez os seus memoriais em virtude do seu amor, santidade e justiça. Estes são os três maiores atributos comunicáveis e morais do Senhor. Por conseguinte, compraz-se Ele em preservar a memória daqueles que lhe são fiéis.
Contrates entre o justo e o ímpio
- O justo é tesouro particular – v. 17
- O ímpio é comparado à palha – v. 17
- O justo é poupado do mal – v. 17
- O ímpio tem muitas dores – Sl 32. 10; Is 65. 14
- O justo tem as orações respondidas – v. 16
- O ímpio não é ouvido por Deus – Jo 9. 31; Sl 66. 18
Obviamente, as diferenças são inúmeras, mas não pretendemos com este singelo comentário entrar em todas as minudências relacionadas com o estudo em questão.
O julgamento de Deus
O castigo dos ímpios
O profeta responde com solene certeza aos que perguntam: “Onde está o Deus do juízo?” (2. 17), declarando que há um dia futuro, em que o Eterno executará juízo e justiça sobre todos os ímpios, (Jl 1. 15; 2. 1; Am 5. 18,20 e Refs.). Porém, quem o suportaria? (3. 1,2).
O castigo final seria ampliado com destruição intensa, através do fogo. O pecado da soberba é especialmente ofensivo para o Senhor, sendo o único que se especifica aqui em Malaquias. (v. 1; Pv 16. 18; 8. 13)
A intensidade do juízo, consumirá a todos os pecadores, a expressão “nem raiz, nem ramo” é uma vívida figura de total aniquilamento do pecado e dos pecadores, (Na 1. 9; Sl 37. 38).
Não se poderia usar uma linguagem mais vigorosa para indicar a destruição completa dos ímpios. (Sl 37. 10,20; Is 5. 24)
O Senhor fala uma ou duas vezes com o homem, (Jó 33. 15-18), para desviá-lo do seu caminho tortuoso. Porém, não dando ele ouvidos, o seu fim será a morte. (1. 9; 3. 7,10,16; 4. 2; Is 48. 22; 57. 21; 66. 24)
O consolo dos fiéis
Executado o juízo para os ímpios, é hora de consolar os justos. O consolo virá na figura expressa do Sol da Justiça. Este é um retrato fiel de Cristo como Luz do mundo, (Jo 1. 4; 8. 12). O Senhor está sempre disposto a trazer luz espiritual a seu povo em tempo de necessidade.
Conquanto, o sol físico promova o florescimento, crescimento e manutenção da vida, assim o Sol da Justiça é essencial para a vida no Senhor (Sl 19. 4-6; Is 60. 1-3,20; Jr 23. 6).
Os redimidos são descritos no Livro de Malaquias como saltando de gozo ante o resultado final da injustiça e a aplicação do amor de Deus, (vv. 2,3), outra vez nos é apresentado um contraste entre justos e ímpios:
- O ímpio como o restolho – v. 1
- Para o justo nascerá o Sol da Justiça – v. 2
- Ímpios abrasados, nada restando deles – v. 1
- Justos libertos, como bezerros no pasto – v.2
- Os ímpios reduzidos a cinzas – vv. 1,3
- Os justos salvos pelo Senhor – v. 2
- Os ímpios pisados pelos justos – v. 1
- Os justos sem conhecimento da existência dos ímpios – v. 3
Malaquias anuncia tempos de restauração
Malaquias encerra sua profecia admoestando ao povo para que seja obediente ao Santíssimo. A obediência humana é a resposta imprescindível as bênçãos divina.
É significativo que o profeta que termina o cânon do Antigo Testamento, deva ressaltar a necessidade e importância de observar as instruções do Senhor entregues no monte Horebe.
Moisés é mencionado em particular (v. 4), porque foi o mediador (Gl 3. 19; Dt 5. 5), através do qual se deu no Sinai as instruções do Senhor, suas ordenanças e leis. Êx 24. 12-18; Ne 10. 29
Na tarefa de preparar Israel para o encontro com o Messias, João Batista virá para terminar a obra principiada por Elias; restaurar a adoração e o culto ao Senhor.
A mensagem pregada conduzirá o povo ao verdadeiro arrependimento, com muitas conversões ao Senhor, (Lc. 1.16).
Temos aqui (v. 6), uma referência literal aos filhos de Israel, muitos dos quais voltariam a verdadeira fé de seus antepassados. Lc 1. 16,17
As últimas palavras de Malaquias
As últimas palavras de Malaquias, são uma solene admoestação: quem não se arrepende deve ser incluído com os ímpios para sofrer a sorte deles, (vv, 1,6). No entanto, o mesmo Deus que condena os culpados, traz salvação para os arrependidos. (v. 2)
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O Antigo Testamento é um livro inconclusivo, tendo a sua conclusão no Novo Testamento. Todos os fatos apontavam para Cristo. O Livro de Gênesis apresenta logo no início (Gn 1. 2; 3. 14-19), caos, maldição, morte, e morte no Egito, no caixão, (Gn 50. 26).
O livro de Malaquias termina proferindo maldição. Apocalipse termina proferindo bênçãos. Ap 22. 19-21
Israel no tempo de Malaquias era indiferente e formalista, (Mt 11. 17). Logo, Imitemos o exemplo de Paulo, (Fp 3. 17). Clamemos como Habacuque por um avivamento, (Hc 3. 2).
Brademos como João Batista contra uma geração corrompida e perversa, conclamando-a ao arrependimento (Mt 3. 2).
Usemos da nossa prerrogativa de sermos sal da terra e luz do mundo (Mt 5. 13,14; Fp 2. 15). Observemos, vigiemos, para não acontecer o mesmo conosco. 1 Co 10. 12
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