Existem alguns textos, na Bíblia, que de tão difíceis, o melhor para se estudá-los é fazê-lo por versículos. Entra nesse patamar quase que integral, o Livro de Apocalipse.

Pois quero então meditar junto com os irmãos, de uma forma um pouco livre, mais pessoal, o cap. 5 de Apocalipse.

Quase todas as igrejas, de hoje em dia não pregam além disso, mas deveriam. E se as igrejas não estão pregando o Apocalipse, o povo não sabe o que o livro diz.

Precisamos que se pregue a Bíblia por inteiro, hoje, mais o Novo que o Velho Testamento.

O Velho é um testamento desatualizado, se temos um Novo Testamento. E dentre os livros do Novo Testamento, deveríamos gastar mais tempo pregando Apocalipse.

O livro de Apocalipse é a Revelação de Jesus Cristo, a respeito das coisas que estão destinadas escatologicamente a acontecer, ou seja, no final dos tempos bíblicos.

O livro é dividido em visões, mas basicamente temos dois locais onde essas visões ocorrem. O primeiro deles é na terra, na ilha de Patmos, onde João viu Cristo glorificado, que deu ordem de mandar cartas as sete igrejas da Ásia.

O livro de apocalipse e suas divisões

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Os quatro cavaleiros do Apocalipse – Imagem do acervo de estudos bíblicos da Igreja Adventista

A primeira grande parte do livro engloba do cap 1 até o 3; a segunda parte engloba do 4 até o final. E se a primeira parte ocorreu com João na Terra, a segunda ocorre a partir do cap 4 no Céu, mais propriamente defronte ao Trono de Deus.

Do cap 4 até o cap 22, o final do livro, João teve várias visões, há divisões claras a respeito disso, entretanto, o local onde estava vendo essas visões no Céu, se arrebatado no corpo, ou no espírito não sabemos, foi no Céu, defronte ao Trono de Deus, na Sala do Trono.

Primeiro bloco – Apocalipse 5. 1-4

Nesse primeiro bloco, somos apresentados no capítulo ao tema, que é o Livro com os Sete Selos na mão de Deus. Que livro é esse? 

O livro dos sete selos é descrito como um rolo selado, ao longo de suas beiradas, com sete selos, dando a entender que estava tão fechado que somente um grande poder seria capaz de abri-lo. Ou, então, o próprio rolo se compunha de sete porções, cada um com seu próprio selo.

Os sete selos (Ap 6. 1-17; 8. 1-5), sete trombetas (Ap 8. 6-21; 11. 15-19) e sete taças (Ap 16. 1-21) são três séries de julgamentos de Deus que são diferentes e consecutivas. Os julgamentos progressivamente pioram e se tornam mais devastadores à medida que o fim dos tempos progride.

Os sete selos, trombetas e taças estão conectados uns aos outros – o sétimo selo inicia as sete trombetas (Ap 8. 1-5), e a sétima trombeta inicia as sete taças (Ap 11. 15-19; 15. 1-8). 

A quebra dos selos desse livro inicia, literalmente o Apocalipse. Podemos nos arriscar a dizer que esse é o Livro do Julgamento.

Segundo bloco – Apocalipse 5. 5-6

Ao saber que não havia ninguém que pudesse abrir o Livro com os Sete Selos, João começa a chorar convulsivamente, de forma inexplicada, mas espiritual.

Esse segundo bloco inicia com um dos anciãos se dirigindo a João e o animando para que ele pare de chorar, mostrando a ele que o Leão da Tribo de Judá: Jesus, poderia abrir o Livro.

E havia no meio do Trono e dos quatro animais viventes e entre os anciãos um Cordeiro, com aparência de morto, que tinha sete chifres e sete olhos, que são os Sete Espíritos de Deus enviados a toda a terra.

Terceiro bloco – Apocalipse 5. 7-14

Nesse terceiro bloco, Jesus recebeu o livro selado das mãos de Deus e iniciou-se então uma grande adoração no Céu, que estendeu-se até a terra. Mas desse texto todo, tão carregado de simbologia, quero ficar apenas com dois versículos.

Quem são os 24 anciãos? Esses 24 anciãos confundem algumas pessoas, mas não deveriam. Sua aparência os delata. Eles têm tronos, portanto são governantes.

Estão ao redor do Trono de Deus, então eles O assistem. Eles estão assentados, portanto seu trabalho está terminado. Estão vestidos de branco, portanto são justos.

Estão usando as coroas gregas chamadas “Stephanos”, portanto são vencedores, vitoriosos. São chamados de anciãos, um título mais associado ao Cristianismo do que ao Judaísmo. Acho que temos um caso forte indicando que eles representam a Igreja.

Chama-me a atenção que um dos anciões, ou uma Igreja, separando-se das outras, naquele momento solene, viesse até João e o esclarecesse um pouco sobre o que estava acontecendo.

A mensagem daquele ancião, ou daquela igreja, era para João: “Não temas, não tenha medo”.

O medo que o ancião se refere, não era o medo do Apocalipse, que se desenrolava diante dos olhos de João, mas o medo de não haver ninguém para abrir o Livro do Julgamento. João chorava, querendo ver a obra concretizada.

Principalmente hoje em dia, que se confunde muito o Evangelho, é bom atentarmos para a verdadeira mensagem da Igreja, que é apresentar a Jesus. 

Nós que temos tantas mensagens e novidades sendo vistas diariamente nos nossos púlpitos, deveremos voltar ao velho e bom Evangelho que nos mostra Cristo. O papel da Igreja é apontar Cristo.

O papel da igreja é anunciar a Jesus

O papel da Igreja é nos mostrar aonde está e quem é Cristo Jesus. E mesmo numa ultima hora como essa de Apocalipse, vemos Jesus, sendo pregado.

Se faltar outra mensagem final para o mundo, voltamos as raízes: Não tenha medo, eis Jesus. 

Chama a atenção ainda nesse texto, que o ancião mostrou para João o Leão da Tribo de Judá, mas João só viu o Cordeiro.

No céu, Jesus já é reconhecido como o Leão vencedor, mas na terra, ao olharmos para ele vemos o Cordeiro que morreu sacrificialmente por nós. 

Mas mesmo que só consigamos enxergar no nosso amado Jesus, um cordeiro, ou o Cordeiro, ainda assim ele é um Leão. No céu Ele está entronizado. Jesus cumpriu o sacrifício em prol dos homens.

João só enxergava um Cordeiro. Talvez tenhamos a dificuldade em enxergar que o nosso Jesus é um rei vencedor, mas enxergando ou não Ele o é. Isso quer dizer que temos a vitória garantida em Jesus.

Talvez não estejamos entendendo com quem estamos lidando. Imaginemos literalmente um cordeiro e um leão. São dois animais distintos, de índoles diferentes.

Apocalipse revela o símbolo da pacificação

O cordeiro é símbolo de animal pacifico e manso, o leão, por outro lado, é símbolo de um animal feroz e bravio. O cordeiro é um animal que parece que nasceu para ser conduzido, alimentado, cuidado.

O leão por outro lado é reconhecido no reino animal como o rei dos animais. Um é quieto, manso, conduzido, o outro é feroz, bravio, rei dos animais.

Talvez, assim como João, só enxerguemos um cordeiro, ou imaginemos que Jesus só é um cordeiro que morreu, devido a inveja de gente pecadora. Ser cordeiro para Jesus era uma fase de seu ministério, em prol dos homens.

Talvez tenhamos a dificuldade em enxergar a vitória e enxerguemos mais a provação, mas a vitória é promessa nossa e ela virá a seu tempo, se não desfalecermos. “E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido”. Gl. 6. 9

Desfalecer, aqui, é o mesmo que desmaiar, ou desistir. Desfalecer é cair da fé. Muitas vezes imaginamos que uma pessoa caída é caída porque saiu da igreja, não participa mais de nenhuma congregação e pensamos que é só isso.

Biblicamente, quem cai, cai da fé. Não ir para a igreja é um dos sintomas.

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A Palavra de Deus tem o efeito de causar fé no ouvinte, ou leitor. Imaginamos que a Palavra só serve de ensino, mas ela é mais do que isso. A Palavra gera fé, para causar milagres verdadeiros, vindos da parte do nosso Deus. Pouca coisa tem roubado a nossa fé. Por nada nos vendemos à descrença.

Paulo Sérgio Lários

Paulo Sérgio é Presbitero, tecnico de informática e escritor

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Categories: Livros da Bíblia

Juraci Rocha

Juraci Rocha é o editor do site Filhos de Ezequiel. Os escritos de Juraci Rocha são informativos, envolventes, divertidos e desafiadores. É instrutivo ler seus estudos e conhecer seus pontos de vista práticos e profundos sobre o tecido da fé cristã.

Interpretando o livro de Apocalipse

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