A Batalha de Refidim apresenta preciosas lições de liderança, mostra ainda o valor da cobertura espiritual.
A seguir vamos apresentar a ordem cronológica dos fatos, depois as lições de liderança que podemos aprender com este episódio.
Após a espetacular travessia pelo Mar Vermelho a jovem nação de Israel, agora sob a liderança de Moisés é surpreendida com um ataque de forças volantes de amalequitas.
Os agressores com certeza irão voltar, desta vez com todo o exercito.
A jovem nação ia passar por um aprendizado forçado, teria de sair a campo e lutar. O inevitável confronto se deu no vale de Refidim.
O fato ficou conhecido como A Batalha de Refidim.
Os hebreus partiram do deserto de Sim, indo de um lugar a outro. Cansados, acamparam-se em Refidim (Êx 17 .1). A localização de Refidim era ao sul da península do Sinai.
Refidim no hebraico significa “descanso, sustento”. O povo estava cansado, mas precisava de um suporte, de um refrigério que é também a designação de Refidim.
A parada em Refidim era estratégica por parte de Deus, que queria provar os israelitas.
Você lembra da propaganda do comercial Gelol em que o garotinho vai acordar o pai para que este visse sua atuação em um jogo de futebol?
Pois bem, Deus não quer seguidores apenas por seguir, ele quer compromisso e envolvimento.
A geração de Moisés não era muito diferente da geração dos dias de Jesus. A seguir vamos apresentar 5 tipos de pessoas interesseiras dos tempos de Moisés e Jesus
05 tipos de seguidores
1 – Pessoas que o seguiam em busca de novidades, que estavam sempre atentas ao próximo milagre, um movimento que quebrasse a rotina.
Estes seguidores queriam saber quando iria sair à próxima fornada de pão. Gente que estava buscando conforto físico e conveniência. São muito semelhantes a aquelas pessoas que ficam na padaria a esperar sair o pão fresquinho. Jo. 6. 1-14,22-41
2 – Pessoas que o seguiam por que achavam bonita a sua oratória, que se deliciavam com suas palavras, mas sem ter envolvimento algum mais efetivo com seus ensinos. Jo 7. 46; Mt 22,33
3 – Pessoas que o seguiam por falta de opção de outro líder ou fonte de entretenimento. Jo 6. 68
4 – Pessoas que estavam à espera de um milagre. Tendo o alcançado, passaram a seguir a Jesus se comprometendo com seus ensinos. Mc 2. 3,4; 10. 22
5 – Pessoas que o seguiam unicamente por uma questão de fé. Exemplo foi o caso da persistente mulher Cananéia, que ignorando o silêncio de Jesus e o desprezo dos seus discípulos, não desistiu de ser atendida pelo Mestre da Vida, tendo por fim sido atendida em razão de sua grande fé. Mt 15. 22-28
As pessoas de todos os tempos se pautam por 3 coisas
Mas, retomemos nosso ponto principal. Apenas coloquei estas observações acima para deixar evidente que tanto a geração de Moisés, quanto a dos dias de Jesus, quanto à de qualquer outro tempo se pautam por três coisas: Conforto físico, interesses e conveniências.
A jornada cristã não é uma coisa fácil. E uma coisa que aprendi é que Deus deixa as coisas possíveis para nós fazermos, isto é; ele faz o milagre, mas nós devemos dar a nossa contribuição, vou de dar 03 exemplos:
1 – Os hebreus após a saída do Egito chegaram numa localidade chamada Mara, que recebeu este nome devido as suas águas amargosas e insalubre.
O povo reclamava! Moisés purificou ás águas com a ajuda de um arbusto. Êx 15. 23-25
2 – Deus faz chover o maná. Nesta ação, primeiro Deus realiza a ação e depois os hebreus tem de recolher-lo e preparar-lo. Êx 16
3 – A viúva de Zarefate é um exemplo de humildade e fé. A pobre desvalida tinha chegado ao fim de todos os seus recursos, e para ela e seu filho, havia apenas a perspectiva da morte; ainda assim era a esta viúva pobre que Elias foi enviado para ser sustentado.
Mas ainda havia um pouco de farinha, um resto de azeite e alguns gravetos (1 Rs 17. 9-16).
Estes elementos eram o suficiente para Deus realizar o milagre com a ajuda da ação humana.
Conclusão: Deus quer uma contrapartida clara e incontestável de quem precisa da intervenção divina.
Deus age assim por que ele respeita nosso livre arbítrio. Se quer, quer, se não quer, o Senhor não força.
Então um lugar que era pra ser de refrigério e descanso, também pode se chamar “Massá”, que quer dizer “prova”. Neste teste os hebreus não passaram. Queriam tudo de mão beijada.
Ir até Refidim é saber que é Deus quem conduz
Olhe como as coisas se transformam, de Massá, o lugar passou a se chamar “Meribá”, que significa “rixa” – nomes bem distintos.
Houve rixa porque o povo foi provado. Bem que se poderia buscar uma solução, mas antes resolveram apontar culpados.
Moisés foi o escolhido para ser apontado como culpado. Óbvio, que a congregação se dividiu entre os que defendiam a Moisés e os que o acusava.
Deus havia conduzido o povo até Refidim porque quis se revelar numa circunstância difícil para a comunidade.
A lição a ser aprendida era “é Deus quem conduz”. Mas o povo murmurou. Lemos mais acima que havia 05 tipos de seguidores de Jesus.
O povaréu queria um Deus utilitário, que atendesse prontamente suas necessidades, um deus de preferência com um cartão crédito ilimitado, um deus para satisfação de seus desejos carnais.
O que Deus queria deles era adoração, um coração sincero e contrito. Deus queria um relacionamento sério, intimo e duradouro.
Mas eles insistiam em ter um deus como um deus particular como um amuleto. Quem busca um deus particular, busca facilidades no reino de Deus.
Não é difícil saber os motivos deste comportamento, se considerarmos que muitos hebreus cultuava os deuses egípcios.
Na hora da aflição, muitos deles torceram desesperadamente para que Deus abrisse o Mar Vermelho, mas agora, passado o perigo, poucos queriam abrir o próprio coração para Deus.
Com Deus não há coincidência e nem sorte
Os hebreus não sabiam que com Deus não há coincidência, nem sorte, nem destino. Ele simplesmente é o Senhor de todas as coisas.
Deus não cabe dentro de qualquer formula ou equação humana, Ele está além destas minudências. E então, o que aconteceu? Os hebreus não passaram na prova.
Havendo duvidas se Deus está no meio da congregação, havendo divisões (Êx. 17. 7) o diabo se aproveita da ocasião. Eis que surgem os amalequitas, os mensageiros do inferno, mas quem era os amalequitas?
Os amalequitas eram um povo nômade, descendentes diretos de Esaú (Gn. 36.1). O nome Amaleque designava seus descendentes tribais. Gn 25. 17; Jz 7. 12; 1 Sm 15. 2
Os amalequitas era com razão associado à guerra, por ser um povo aguerrido.
Fosse associar-los a algum animal, a associação perfeita seria com hienas, carniceiros, traiçoeiros, violentos e predadores, não se importando de se ajuntar com outros povos da região para saquear viajantes, vilarejos, cidades ou reinos.
As nações que ouvira os relatos da saída do povo israelita do Egito e os fatos anteriores tremiam de medo, sofriam angústia terrível, ficavam paralisados de medo (Êx 15. 14-16).
Os amalequitas não sentiam nada disto. O Diabo não tem sentimento algum, a não ser ódio, violência e destruição. Ele sabe se aproveitar das oportunidades. Ela surgiu. A jovem nação estava em perigo.
Lições de liderança na Batalha de Refidim
A maior proeza de liderança de Moisés foi escolher um líder que o substituísse, que levasse adiante a obra que Deus lhe confiou, a entrada na Terra de Canaã.
Josué começava a despontar como um grande líder, um ótimo estrategista.
Moisés o escolheu para liderar um povo que mal sabia empunhar uma espada. Mas a escolha de Moisés tinha a orientação de Deus. O bom líder é aquele que forma outros líderes, não é o faz tudo.
Josué, corajoso e destemido, sabia que a obediência a Moisés era uma condição indispensável para a vitória, ele não argumentou que os soldados não sabiam lutar ou que não eram experimentados na guerra.
Josué tinha o exemplo de liderança sadia e eficaz. Foi lá e liderou, mostrou-se um líder de personalidade.
Josué é o líder de campo. Lembre-se que estamos em um estudo bíblico, com o propósito de ministrar ensinamentos para a Igreja.
O líder de campo é o que vai a frente, fora das fronteiras da igreja, é o evangelista, o que guerreia as guerras do Senhor. O que saqueia o inferno pregando o Evangelho.
Moisés é o líder logístico. O líder logístico é o que está na base, o que está no apoio. O sucesso depende e muito do seu empenho. É o pastor, é o que representa a figura de Deus, seu embaixador.
Aarão e Hur são líderes inspirativos. Lideres inspirativos raramente costumam dar ordens.
O líder inspiracional mantém o equilíbrio frente às pressões cotidianas e sabe reconhecer que alguém do seu grupo sabe mais do que ele.
Ele sabe dar feedback e por isto pode assumir uma liderança situacional.
O segredo da vitória na batalha de Refidim
Na imagem acima Ilustração da coleção Phillip Medhurst retratando Josué lutando contra Amaleque (Êxodo 17).
Definido os personagens que estarão no campo de batalha, é ora de apresentarmos a batalha e o segredo da vitória do povo israelita.
Nós sabemos que eles não tinham chance alguma contra um exercito de 75 mil homens, bem treinados e experimentados na guerra.
Anunciado o inevitável confronto, Moisés, o líder logístico deve ter perguntado a Deus onde seria travada a guerra.
O Senhor dos Exercitos responde que seria em Refidim (vamos lembrar o significado do lugar, suporte e descanso). Os exércitos se embatem.
Nas guerras os soldados precisavam estar em contato visual com seu Comandante.
Muitas vezes uma flâmula ou bandeira seguia junto ao general, como um sinal de orientação para os combatentes.
Moisés se colocou num lugar elevado. De braços erguidos, ele orava ao Comandante Supremo.
Lá embaixo, os inexperientes guerreiros entre um lance de luta e outro buscava a figura de Moisés no alto do monte.
Aqui nós temos a lição de que o líder também deve sair a campo, deve (digamos) pôr a mão na massa.
Líderes devem também participar
Ocorre que Moisés se cansava de ficar de braços levantados e os abaixava.
Moisés de braços erguidos animava os combatentes hebreus que a despeito da sua inexperiência no campo de batalha, estavam surpreendendo os amalequitas.
Moisés arriando os braços, o ânimo dos hebreus começava a arrefecer e os inimigos recobravam forças. Aarão e Ur encontram a solução.
Líderes inspirativos conforme dissemos sabem manter o equilíbrio. Então eles fazem com que Moisés se assente numa pedra, e elevam ambas as mãos do Legislador de Israel.
Imagino Aarão e Ur dando feedback a Moisés incentivando-o a orar mais ainda. Eles assumiram uma liderança situacional.
03 lições e princípios da Batalha de Refidim
01 – O principio da unidade. Um inimigo em comum uniu os hebreus. Dentro de um grupo cada um tem sua função, seu objetivo. O líder orienta o grupo, estabelece a paz, delega tarefas. Moisés, o líder logístico distribuiu as tarefas. Ficou o tempo todo no apoio.
02 – O princípio da hierarquia. A hierarquia é um principio indispensável dentro de um convívio social. Ela aponta o lugar de cada um em um grupo social. Este principio organiza as estratégias de comando e organização de uma instituição.
03 – O princípio da fé. Dentro do contexto cristão deve haver o respeito a hierarquia, o grupo deve viver em unidade e harmonia e buscar todos o mesmo objetivo. Estas ações caracterizam o principio da fé. O principio da fé é a credibilidade nos lideres.
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Foi à credibilidade em Deus e Moisés que animou o povo no campo de batalha, que consagrou a todos com uma retumbante vitória.
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