Eis um assunto do qual não podemos fugir. É doloroso e inoportuno, porém necessário, Como Deus lida com  a morte? Qual a sua orientação para nós quando formos envolvido em um luto.

Como devemos lidar com o luto, o que necessitamos saber? Nos acompanhe nesta reflexão. 

Perder um ente amado é algo realmente doloroso e vemos isso acontecer todos os dias com milhares de pessoas, algumas até próximas de nós.

São colegas de trabalho, amigos, vizinhos e parentes. O que nós Igreja poderemos dizer num momento como esse? 

Lembro-me que assim que entrei para a família da minha esposa, alguém morreu, e eu que era o único cristão na cerimônia fúnebre.

Fui convocado para orar, sendo novo convertido eu não tinha idéia do que falar, ou do que orar. Então li o Salmo 23 e pedi que todos nós fizéssemos uma oração silenciosa, durante alguns minutos. Eu fiz o melhor que podia naquele momento.

Todo ser humano nasce sabendo que um dia vai deixar essa terra. A partir do momento em que nascemos, já estamos caminhando para a morte. Todos sabemos que o destino do ser humano é a morte, mas ninguém, absolutamente ninguém quer morrer e ninguém aceita a morte.

Por que será que as pessoas não aceitam a morte? A resposta é bastante simples, porque Deus não nos fez para morrer.

O pecado trouxe dor e angustia ao mundo. O pecado trouxe a morte.

Ninguém aceita a morte

Quando qualquer pessoa morre é uma perca irreparável. Ninguém aceita a morte, principalmente a de um ente querido. Deus fez cada pessoa única, não existe uma duas pessoas iguais no mundo.

Deus criou cada pessoa com um propósito único. Muitos de nós não conseguimos realizar os propósitos de Deus. Muitos de nós nunca chega a se converter a Jesus.

Todos nós temos alguém que perdemos. Vamos crescendo e pessoas queridas vão deixando esse mundo, ao nosso redor. Eu me lembro nitidamente de pessoas que já não estão conosco há muito tempo.

Carregamos no peito a lembrança de momentos tão bons e felizes. Por sabermos que as pessoas que se vão são uma perca irreparável é que devemos viver os nossos dias como se fossem os últimos.

Jesus deu a sua vida pela humanidade

Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. 1 Jo 3. 16

Tu, Senhor, ouves a súplica dos necessitados; tu os reanimas e atendes ao seu clamor. Salmos 10:17

Lemos esse versículo em João, como a dizer que Cristo deu a sua vida por nós, como sinônimo de morte. Sim ele morreu por nós, mas não é isso que o versículo nos diz.

O problema está na construção da frase que nos deixa entender isso. Mas observe como, e se Cristo deu a sua vida por nós, quer dizer, morreu por nós.

Devemos então morrer pelos irmãos e ser cristão então é deixar de existir. Mas não é isso que diz 1 João 3. 16, antes diz que Jesus deu a sua vida por nós e devemos dar a nossa vida pelos irmãos.

Dar a vida não é o mesmo que desviver. Dar a vida é gastar tempo para estar junto, viver com a pessoa. É conhecer o outro. É se deparar com os seus traumas e angustias.

Dar a vida é em muitos aspectos muito mais difícil do que simplesmente morrer por alguém.

Um bombeiro pode sucumbir por um desconhecido. Alguém que não sabe nadar pode pular num rio para tentar salvar outro que está se afogado e que nem conhece.

Morrer é mais fácil, em certos aspectos do que dar a vida, andar junto quando a pessoa está chatinha, ou com dor de dente.

O que significa você dar a vida por alguém

Jesus deu a sua vida por nós, gastou tempo com os discípulos, com o povo, com a multidão. Nós que somos cristãos sentimos a presença de Deus ao nosso lado quando estamos bem e quando não estamos tão bem assim.

Quando estamos irados Deus está próximo a nós e quando estamos alegres também.

Devemos dar a vida, não a morte, pelas pessoas. Oferecer a vida é estar perto, é ir ao cinema, é orar junto, é congregar, é cantar, é ir ao restaurante junto. Dar a vida é fazer o melhor, sempre.

Viver unido é ficar perto naquele dia chuvoso, ou de muito sol. Devemos dar a vida por quem amamos, para que a nossa ausência seja a menos sentida, quando o dia da separação chegar.

Deveríamos viver hoje, como se fosse o ultimo dia de nossas vidas.

Não tenha vergonha, chore!

morte

Quando perdemos alguém a tristeza nos invade. Realmente temos a dificuldade de superar a tristeza e solidão. Devemos chorar e nos entristecer.

Não ficamos alegres quando perdemos alguém. Chore, se sentir vontade de chorar, então chore. Não se importe com o que as pessoas dizem.

A Bíblia é bastante clara a respeito de Deus se importar com as nossas lágrimas. E diz a respeito de nós, cristãos: “Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os que choram.” (Rm 12. 15).

Eu enxergo, mesmo nesse texto aparentemente triste, uma Palavra boa. Alegram-se e choram os vivos. Alegre-se, chore, viva.

Se o momento é para chorar, então chore, viva isso. Se o momento for para se alegrar, então se alegre, viva isso também.

Jesus chorou na morte do seu amigo Lázaro. Jesus se identificou com a dor dos seus irmãos. Ele conhece a nossa dor.

Antes de prosseguirmos na nossa abordagem, gostaria que visse o vídeo abaixo do Pastor Alejandro Bullón, é um vídeo para reflexão e emocionante, volto logo em seguida.

Isso não pode estar acontecendo

Voltei. Confesso que o vídeo é de uma realidade assustadora. Muitas vezes a morte chega inesperadamente. Mesmo alguém que está idoso, numa cama há meses, não queremos que morra e nem aceitamos isso.

Mas e quando uma criança falece, ou o marido que saiu para o trabalho, ou a esposa, ou a mãe, ou alguém que amamos morre inesperadamente? Perplexidade, confusão, entorpecimento dos sentidos nos atacam.

Algumas pessoas tentam nos ajudar dizendo coisas sem sentido, pois não se consegue ouvir num momento desses, para que retornemos à vida.

Alguns tentam apressar a nossa volta à vida, pois não fomos nós que morremos, mas eles se enganam. Morremos um pouco com quem morreu.

A falta irreparável de quem morreu, levou um pedaço de nós. Nós morremos junto. É difícil retornar à vida, sabemos que precisamos, mas pelo menos enquanto é tão recente, não dá.

Deixe-me curtir a minha dor, o meu luto, por favor! Acabamos dizendo em silêncio, com as lágrimas escorrendo. Imaginamos que o que está acontecendo é um pesadelo. E é mesmo.

Devemos aceitar a morte

Não existe idade para a morte. A perca sempre será muito sofrida. A morte pode ocorrer subitamente, através de um acidente horrível, ou ela pode acontecer de maneira mais branda, aos poucos, quando vemos o nosso ente querido ir embora devagar.

A morte pode vir como amiga que alivia a dor de alguém que sofria, ou como inimiga que nos revolta.

A nossa mente nos ilude e com os dias passando, parece-nos que ainda ouvimos a pessoa falando conosco. Ouço a sua voz, vejo o seu sorriso, olho para seus olhos tristes. Mas a verdade é que ela partiu.

“Mostra-me, Senhor, o fim da minha vida e o número dos meus dias, para que eu saiba quão frágil sou. Deste aos meus dias o comprimento de um palmo; a duração da minha vida é nada diante de ti.

A brevidade da vida

De fato, o homem não passa de um sopro.  Sim, cada um vai e volta como a sombra. Em vão se agita, amontoando riqueza sem saber quem ficará com ela. Mas agora, Senhor, que hei de esperar? Minha esperança está em ti”. Sl 39. 4-7

Como devemos nos sentir quando perdemos alguém que amamos? Alguns acreditam que devem obedecer a regras, mas não há regras. Não há um padrão.

Haverá dias que você se sentirá entorpecido, confuso e apático. Em outros, aliviado, porque ele, ou ela, deixou de sofrer, ou partiu repentinamente sem ter que ficar em uma cama. Em outros dias a tristeza dominará e o corpo pode até doer fisicamente, reflexo da sua alma.

Não esquecemos quem se foi, mas precisamos de alivio para essas horas, não só no momento do enterro, do adeus final, mas e depois, como lidar com a morte?

Precisamos falar com alguém, repartir a nossa dor, de preferência com alguém que conhecia aquela pessoa. Fale com Deus.

Socorro bem presente na angústia

Fale com Jesus. Ele conhecia o seu ente que se foi mais do que você. Deus ouvia os seus pensamentos, sabia o que lhe ia ao coração.

Não se deixe tragar pelos seus sentimentos, vá até Jesus e reparta a sua dor com Ele.

“Quando o meu coração estava amargurado e no íntimo eu sentia inveja, agi como insensato e ignorante; minha atitude para contigo era a de um animal irracional.

Contudo, sempre estou contigo; tomas a minha mão direita e me susténs. Tu me diriges com o teu conselho, e depois me receberás com honras. A quem tenho nos céus senão a ti? E na terra, nada mais desejo além de estar junto a ti.

O meu corpo e o meu coração poderão fraquejar, mas Deus é a força do meu coração e a minha herança para sempre. Os que te abandonam sem dúvida perecerão; tu destróis todos os infiéis. Mas, para mim, bom é estar perto de Deus; fiz do Soberano Senhor o meu refúgio; proclamarei todos os teus feitos”. Sl 73. 21-28

A insegurança após o luto

A Bíblia nos conta a história do filho da viúva de Naim. A infortunada mulher estava saindo com seu único filho para enterrá-lo, juntamente com as pessoas e familiares que os conheciam.

E em certo momento, entrava na cidade Jesus, com uma comitiva de gente que estava cheia de alegria e jubilo, por ver milagres e ouvir as palavras de vida de Jesus. Jesus adiantando-se viu primeiro a mulher que chorava por seu filho e lhe disse: não temas.

Assim como a mulher em Lucas 7, quando alguém morre, dependendo de quem morreu, poderá ter deixado dividas que nem sabíamos que existiam, ou assuntos pendentes que não saberemos o que fazer.

Um viúvo pode ficar perdido, sem saber o que fazer com os filhos pequenos, talvez tenha que aprender a fazer mamadeira, enquanto a criança está chorando de fome.

A perda dos pais poderá trazer um trauma enorme, para os filhos pequenos que deverão morar com pessoas desconhecidas, apesar de ser da família.

A morte na família significa tratar do funeral, das despesas, da divisão de objetos pessoais do falecido, da herança. Tudo isso deverá ser feito, é necessário.

O difícil é fazer isso sobre pressão, sentindo a dor da perda.

Ao mesmo tempo em que está cuidando do enterro da pessoa, você terá que repensar como será a vida agora sem ela, a sua ausência. Será preciso tomar novos rumos. Será preciso reelaborar a vida. 

Acredito que só Deus pode nos suprir em momentos como esse.

Sentimentos de culpa

como Deus lida com a morte

Somos atacados por sentimentos de culpa. “Por que eu o deixei sair àquela hora da noite? Ou por que deixei o meu filho ir para a escola justo naquele dia?

Se eu não tivesse brigado com ela, ela não teria saído e não teria batido o carro e morrido. Eu poderia ter impedido a morte do meu querido” – pensamos erroneamente.

Ninguém impede a morte, só Deus. Nós não sabemos quando vamos partir. Ninguém sabe quando vai perecer, ou como ou do que vai morrer. A morte acontece no momento certo para cada pessoa.

Um meu discipulador, quando iniciava a andar com Deus, ainda novo convertido, me ensinou que um dia teremos que sair dessa vida de algum jeito.

Faça hoje o seu melhor

Alguns vão sair dessa vida jovens, outros mais velhos e alguns muito idosos. Alguns vão sair dessa vida a força, outros mais brandamente. Nós não dominamos a morte.

Para que esses sentimentos, tipo: “eu deveria ter feito melhor”, enquanto ele, ou ela, estava vivo, não aconteçam, seja melhor então. Viva melhor e dê a vida pelos que ama.

Mas realmente a pessoa morreu e eu fiz coisas que não deveria, os maus sentimentos me invadem. Peça perdão a Deus e toque o barco, siga em frente.

Siga uma regra, dê o seu melhor a cada momento, viva a vida a cada momento, resolva cada situação eternamente – quer dizer, resolva, resolvido.

Pinte a casa como se fosse a ultima pintura que aquela casa vai receber. Pregue como se fosse a ultima Palavra antes do arrebatamento.

Sorria, como se fosse o ultimo sorriso para quem você ama, antes que você parta daqui. Deixe o seu melhor nessa terra. Abrace, como se fosse o ultimo abraço. Então abrace forte, bem forte!

E depois da morte?

Ninguém sabe exatamente o que acontecerá depois da morte. O único que voltou da morte foi Cristo. A Bíblia ensina que os que morrerem com Cristo serão ressuscitados e viverão com Ele para sempre.

Ontem à noite, sem saber que já estava no meu coração escrever esse estudo, a minha filha mais velha, Elizabeth, hoje com onze anos, me perguntou: “se uma pessoa for boa, mesmo que não seja de uma Igreja Neo Pentecostal, como nós estamos sendo hoje, como por exemplo, uma pessoa boa da Igreja Católica, ou até mesmo sem Igreja, ela irá para o Céu?

A minha resposta é que Jesus não é religioso. A religião é coisa dos homens. Essa divisão: eu sou de Apolo e eu sou de Paulo, como a Bíblia mostra, é a nossa divisão e não a de Deus.

Acredito que Deus vai escandalizar alguns, salvando gente de lugares que não imaginávamos e não só da Igreja Cristã.

Reaprendendo a viver

Mesmo que você sinta que um pedaço de você foi arrancado, com a perda de seu querido – e foi mesmo – você ainda está vivo! Ninguém disse que será fácil, mas é necessário reaprender a viver de novo.

Quando colocamos o nosso coração no luto, entendemos melhor a vida, por incrível que pareça.

Existem viúvas e viúvos que não conseguem mais se relacionar com ninguém, mesmo depois de muitos anos que seu amor se foi. Ou mães que não querem mais ter filhos, porque perdeu algum deles.

Não é comum os pais verem seus filhos morrerem, é anormal, mas acontece. A morte não é desejo de Deus, mas é fruto do pecado, que todos carregamos e só pode ser anulado nEle.

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Quando meu pai saiu de casa, minha mãe teve que voltar a trabalhar, isso depois de vinte e seis anos sem trabalhar, foi traumático. Se tiver que trabalhar, então vá! Ore a Deus e vá.

Se tiver que mudar para uma casa menor, ou pedir para desligar a TV a Cabo, ou o telefone, faça, fazer o quê? Alguns ajustes talvez devam ser feitos, com a perca de alguém. Reaprenda a viver e viva com Deus.

Paulo Sérgio Lários

Paulo Sérgio é Presbitero, técnico de informática e escritor

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Categories: Reflexoes Cristas

Juraci Rocha

Juraci Rocha é o editor do site Filhos de Ezequiel. Os escritos de Juraci Rocha são informativos, envolventes, divertidos e desafiadores. É instrutivo ler seus estudos e conhecer seus pontos de vista práticos e profundos sobre o tecido da fé cristã.

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