A primeira família teve uma vida que veio do topo, literalmente, chegando até o fundo do poço. Tanto Adão, quanto Eva foram criados no Jardim do Éden e de lá foram expulsos, sendo liberadas palavras de julgamento, vindas do próprio Deus em pessoa.

A jovem e incipiente família perderam o Paraíso e foram expulsos para uma terra inóspita, inimiga. Nada ali era fácil.

Vamos tentar visualizar isso. Adão e Eva estavam no Jardim do Éden, um lugar de paz, onde o urso e o leão conviviam em paz; onde era o céu. Onde Deus está, ai é o céu, pois Deus vinha todas as tardes visitá-los. Deus se agradava de andar ali. 

Creio que era Jesus quem vinha, numa aparição conhecida como Teofania, que são aparições de Jesus no Antigo Testamento.

Eles foram expulsos, indo para uma terra inóspita. Penso nela como sendo uma terra recém formada, com muitos vulcões ativos e terremotos, onde os animais eram bravios. Adão tinham que se sacrificar para achar comida e viveres.

Diferentemente do trabalho importante de nomear os animais que estavam no Paraíso, pois dar nome a algum ser vivo, requer a observância acurada das características do mesmo.

Adão observou as características de cada animal e os nomeou. Ele achou que o urso tinha cara de urso e o leão de leão. Imagine chamar de leão a baleia. Não tem sentido, né não :P. 

Um vácuo passou a existir entre o Criador e a criatura. Talvez até, Eva tenha jogado uma frigideira de barro na cabeça de Adão, pois ficaram casados quanto tempo, 500, 600 ou mais anos?

O primeiro nascimento em família

Adão e Eva tiveram agora um filho; o primeiro filho do mundo, Caim. O primeiro a nascer fora do Jardim do Éden. Deus tinha falado alguma coisa, eles se recordaram, naquele que foi o primeiro julgamento do mundo, a respeito do filho que nasceria e pisaria a cabeça da serpente.

O menino Caim, cresceu ouvindo aquelas palavras, uma profecia liberada, onde ele pisaria na cabeça da serpente, que enganara seus pais e conseguira com que eles perdessem a convivência no Paraíso.

Como contavam ao menino, era uma terra maravilhosa, contrastante com aquela onde viviam.

O menino cresceu ouvindo que ele faria alguma coisa com a serpente, pois se lermos a profecia, imaginando que eles esperavam que se concretizasse neles, na sua geração, que era a única até o momento.

Então Caim tinha uma projeção de ser aquele que mataria a serpente, a inimiga e eles voltariam a morar no Jardim do Éden.

A projeção de Caim de ser o resgatador

O que é uma projeção? Projeção é um termo que me lembra futebol. Quando um jogador dá um chutão para a frente, onde a bola voa no alto, descendo lá na frente, isso é chamado de lançamento; e esse lançamento é uma projeção: pois um projétil, a bola, foi lançada para a frente.

A projeção tem o significado de imaginarmos algo no futuro, a respeito de nós mesmos, ou a respeito de outra pessoa. Quase sempre temos uma visualização da projeção de uma forma pejorativa.

Imaginemos uma moça, certinha, que conhece um moço, não muito certinho. E ela imagina que um dia, casando, ela vai mudá-lo, mas o tempo passa e ela não consegue mudar nada, dando até a impressão que o camarada piorou, ao invés de melhorar.

Muitas vezes fazemos projeções erradas a respeito do outro, ou até de nós mesmos.

Podemos pensar em projeção como um sonho. Caim tinha um sonho, um desejo, uma projeção, repassada a exaustão pelos seus pais, de ser o salvador do mundo.

Caim imaginava que seria o salvador, que acabaria com a serpente, que a mataria e eles voltariam a serem aceitos no céu, no Jardim do Éden.

Ele só aguardava o momento adequado para que algo espetacular ocorresse, onde ele viria a se tornar um herói, entrando agora no céu, sendo saudado pelos anjos, com espadas de fogo.

O tempo passava e sua mente ia sendo alimentada com muitos pensamentos. Ele era o filho, teria que ser obrigatoriamente cumprida à profecia nele. Caim aguardava.

Nasce Abel, a família ganha mais um membro

Entretanto, um dia Eva engravidou e nasceu um menino que deram o nome de Abel. Caim, com certeza, não recebeu bem o irmão, que era um concorrente.

Caim era o único filho a existir no mundo, mas agora existia mais um filho, um concorrente, onde poderia ser cumprida a profecia em Abel e não nele. Desconfiava.

O conflito com os dois foi sendo então alimentado. A mente de Caim ia sendo influenciada por Satanás. O jovem Abel era perseguido ou rejeitado, muitas vezes sem saber os motivos. 

Adão e Eva deveriam imaginar que a animosidade era devido ao pecado que cometeram e que trouxe desgraça a família e conseguintemente as gerações seguintes.

Caim, que imaginava ser o salvador do mundo, o Resgatador, ia vendo o jovem Abel se destacando. Aquilo lhe causava muitos pensamentos controversos. Quem ele pensava que era? E cresceram os meninos.

Num determinado dia o Espírito Santo falou a Abel que esse dedicasse o dizimo ao Senhor.

Abel inaugura o primeiro culto em família

Abel inaugurou o primeiro culto na Terra e trouxe o primeiro dizimo. O homem agora invocava a Deus, para que esse viesse até ele e o ajudasse. A raça humana precisava agora orar. Invocando seu Deus, seu Criador.

Caim viu horrorizado, que Deus aceitou o sacrifício de Abel. Era só o que faltava, o que esse rapaz pensava que era? Caim pegou o dizimo de seu trabalho, que eram frutas e verduras, que ele já havia colhido anteriormente.

Nem se deu ao trabalho, de colher frutas novas. Caim ofertou frutas e hortaliças velhas, colhidas já há alguns dias. “Esta bom ainda!” – deve ter pensado ele, não discernindo o tempo espiritual inaugural do que fazia.

Mas Deus não aceitou a sua oferta como aceitou a de seu irmão. Na oferta de Abel, provavelmente Deus trovejou lá do céu e deve ter falado palavras amáveis para Abel.

Seu ato fora aceito e fogo descera do céu, da parte de Deus e queimara a oferta, como sinal de aceitação.

Abel deve ter saído dali com o rosto brilhando, e o espírito regozijando. Era claro, patente, a mudança ocorrida em Abel. Era claro que Deus se agradara dele. Caim observava isso com um ódio crescente, uma ira incontida.

Alimentando a sua mente pelo diabo, que odiou o gesto espiritual de Abel, o ódio que Caim sentia do irmão não o deixava dormir mais. Um pensamento começou a surgir – Abel lhe roubava a primogenitura, a aceitação de Deus – lhe soprava o diabo.

Abel entraria no céu, no Jardim, coroado como o herói do mundo, da raça humana. Ele seria o salvador do pai Adão e da mãe Eva e até dele, Caim.

Conflitos causam a primeira morte em família

O casal Adão e Eva chora a morte do filho Abel

Abel lhe roubava a aceitação de Deus, que o traindo, aceitava mais Abel do que ele. Por que Deus estava deixando isso acontecer? Por que Deus aceitara a oferta, o culto, o dizimo de Abel e não aceitara o seu? Será que Abel seria o salvador, o Messias no seu lugar?

O messianado era seu e não de Abel. Na sua mente cada vez mais doentia, ele só via uma coisa a fazer, para continuar com Deus: matar o irmão. Se Abel morresse, ele voltaria a ser o filho, onde a profecia se cumpriria. 

Matando Abel, ainda daria tempo de voltar a ser o herói que entraria no Jardim, sendo escoltado por anjos. Caim ainda tinha uma chance de matar a serpente, dizia o diabo na sua mente. Possesso, cheio de vontade de ser o Messias da profecia.

Caim um dia levantou a sua mão contra o irmão, onde os anjos de Deus pararam todos os seus afazeres, para ver o desenlace dramático na Terra. Caim matou Abel e agora era o único herdeiro da profecia.

Ele era o Messias esperado da profecia, o salvador do mundo. Nele a profecia iria se cumprir. Ele salvava o mundo matando o seu irmão, que lhe era um concorrente à altura.

O Senhor então perguntou a Caim, por que está irado? Porque está emburrado? Se você fizer o bem, o seu semblante, o seu rosto, o seu espírito, voltará ao normal. 

O mal se afastará e você será triunfante. Mas se você fizer o mal, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o teu desejo. O pecado o dominará. Mas tu, deves dominar o teu pecado. Eu Deus, te dou poder para dominar o teu pecado, mas és tu quem o deves fazer.

O laço de união entre a família foi quebrado

Assim que matou a Abel, Caim não sabia o que iria acontecer, mas ai o Senhor falou com ele novamente: Caim? Onde está o teu irmão? E agora, o que ele iria dizer, ele matara o irmão, o que diria para Deus? E ele disse: “Não sei” – mentira! – “Sou eu o guardador do meu irmão?”

E Deus disse: “O que você fez? O sangue de seu irmão clama da terra, maldito és tu! Maldito és tu na terra. Quando a lavrares, não lhe dará mais dos seus frutos, tu serás vagabundo e eterno fugitivo. Então ele disse: É maior a minha punição, do que a que eu possa suportar.”

A projeção de Caim de ser o salvador do mundo, o Messias, acabava ali. A família sofrera um duro golpe. Deus o rejeitava e o amaldiçoava. Deus havia rejeitado os seus pais, ele sabia que Deus não voltaria atrás.

É maior a minha decepção, do que a que eu possa suportar, esperava a tua benção e angariei a tua maldição. Esperava ser o messias, o herói e consegui também ser expulso.

Nem adeus à minha mãe darei, nem adeus ao meu pai, pois matei o meu irmão. Hoje me lanças fora da tua face. Hoje tu me rejeitas e pensava estar fazendo o bem. Serei fugitivo, então e vagabundo na terra.

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Termina assim, de forma trágica a história da primeira família da terra. Tempos depois, o casal Adão e Eva teve outro filho, Sete. Novamente o culto a Deus foi restabelecido. Uma nova história estava sendo escrita.

Paulo Sérgio Lários

Paulo Sérgio é Presbitero, tecnico de informática e escritor

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Juraci Rocha

Juraci Rocha é o editor do site Filhos de Ezequiel. Os escritos de Juraci Rocha são informativos, envolventes, divertidos e desafiadores. É instrutivo ler seus estudos e conhecer seus pontos de vista práticos e profundos sobre o tecido da fé cristã.

As dificuldades da primeira família

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