Hoje vamos discutir um assunto “quente”, a prática do cristão orar no monte. Estes dias lá estive, fui no propósito de passar a noite. Confesso que fiquei aborrecido com algumas coisas que presenciei por lá, mas eu precisava era orar, assim o fiz. 

Acredito e defendo que cristãos orem em todo lugar, é assim que a Bíblia recomenda. 1 Tm 2. 8

Lembro-me de minha primeira experiência de subir ao monte, fui convidado por meu tio, ambos novos convertido, exultantes na fé. Davamos graças até para chupar uma bala.

Pois bem, meu tio não cessava de contar-me as maravilhas que era a consagração no monte, brasas acesas, revelações, eu não acreditava.

Sempre fui muito racional, eu acredito nos milagres relatados na Bíblia. Creio no poder manifestado de Deus na vida dos cristãos, ou seja, há pessoas (e são muitas), que afirmam que sou critico.

Meu tio acabou me convencendo a ir orar com eles no monte. Na subida, atrás de nós, ouvia um som que parecia ser de chuva, estava preocupado com a descida no dia seguinte, pois devido à chuva o caminho estaria escorregadio.

Na oração, em determinado momento as pessoas pegavam folhas e gravetos incandescentes, ficavam extasiadas. Mesmo vendo, eu não acreditava. Argumentava que era a claridade da lua que resplandecia nos elementos.

Após este fato e inúmeras subidas ao monte tenho uma visão firme e conclusiva sobre consagração no monte, opinião que vou expor agora.

Continue a leitura que vou te mostrar 06 coisas que você precisa saber sobre o cristão orar no monte. 😉

1- Orar no monte é bíblico

Há pessoas que defendem a prática de orar no monte em vista das inúmeras referências bíblicas a respeito desta prática, argumentando que Jesus orava no monte.

Verdade! Ao declinar do dia, Jesus, deixava seus discípulos ao pé de alguma rocha, ou abrigado junto a alguma árvore e ia um pouco mais além para orar.

Nas cidades, Ele era constantemente assediado, sua intimidade era violentada. Ele necessitava de um retiro, um lugar deserto para orar, razão por que se isolava nos montes. Jo 7. 34; 8. 21; 11. 56

De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus levantou-se, saiu de casa e foi para um lugar deserto, onde ficou orando. Simão e seus companheiros foram procurá-lo e, ao encontrá-lo, disseram: “Todos estão te procurando! ” Marcos 1:35-37

Jesus era constantemente expulso das sinagogas. Por onde ele passava era uma comoção social.

Multidões com os mais diversos interesses o seguiam, então Jesus se isolava nos montes com o propósito de refletir, de estar mais próximo de Deus. Mt 8. 20

A mulher samaritana fez menção de que deveria adorar no local em que estavam, um monte, ao que Jesus respondeu que não haveria um lugar determinado para oração, uma vez que Deus buscava a verdadeiros adoradores em espírito e em verdade. Jo 4. 21-23

2- O importante não é o lugar

O importante não é o lugar em que se ora ou adora, mas a forma e conteúdo da adoração. Óbvio, que cada pessoa faz a sua analise, o seu julgamento a respeito deste assunto.

Há aqueles que fazem oração no monte para poderem testemunhar em alto e bom que levam uma vida espiritual saudável, que são crentes abençoados.

Creio que estas pessoas não têm o hábito de ler a Bíblia regularmente, não fazem uso contínuo da oração em casa ou na Igreja, julgando que é no monte o lugar em que se deve orar. Jo 4.20

O resultado desta fé precária é que a vida destas pessoas quase sempre está em ruínas. Divisões e conflitos assaltam os seus familiares.

Muitas desta pessoas perambularem de igreja em igreja, são rasas na fé. Jesus as chama de hipócritas. “E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens”. Mt 6. 5

3- Orar no monte, necessidade ou misticismo

Oração no monte
Jesus no Monte das Oliveiras – Michelangelo Merisi da Caravaggio

É comum presenciar no monte grupos que estão orando, apresentarem comportamentos absurdos e contraditórios a luz da perspectiva bíblica.

São confiantes que o poder de Deus se manifesta de forma sobrenatural, já ouvi crente orando “Eu não aguento teu poder, oh Deus, manda mais.”

Deus não é Senhor de confusão, senão de esclarecimento. Em Deus não há sombra de variação (Tg 1. 17). Há pessoas que estão equivocadas a respeito do poder e manifestação do poder de Deus.

O apóstolo Paulo chamou de meninos os que se alimentam de leite, embora pelo tempo devessem ser mestres do Evangelho. Ele usou este termo para classificar os cristãos que não tem discernimento espiritual.

Os meninos do nosso tempo ao orarem no monte buscam manifestações que são mistificações, fruto de fenômenos naturais, tais como galhos secos que brilham, vultos e sombras que afirmam ser o “Anjo do Senhor”.

O misticismo é tanto, que alguns chegam a “separar e consagrar” pedras e árvores para ser o lugar de adoração.

Eis abaixo uma exortação de Paulo a estas pessoas: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.” 1 Co 13. 11

4- O fenômeno da luminescência

Quanto ao fenômeno da Luminescência, em que cristãos pegam folhas e gravetos incandescentes no monte, julgando ser a manifestação do poder de Deus, há aqui um equivoco.

O fato nada tem de sobrenatural, há duas explicações para este assunto, que consideramos lógica e perfeitamente aceitável.

O solo carregado de fósforo mais o suor humano produzem este fenômeno, fazendo com que folhas e galhos secos de árvores brilhem. Por esta razão que não é em todo lugar e em toda circunstancia que as folhinhas brilham.

A folhagem não brilha de imediato quando se chega ao monte, mas depois de certo tempo de oração.

Claro, que quanto mais se ora, mais suor e efeitos químicos vão se somando para provocar o efeito incandescente em materiais orgânicos.

O pastor Ciro Zibordi trata do assunto em seu blog. Ele recebeu um e-mail do engenheiro agrônomo Milton Rogério Seifert da cidade paranaense de Francisco Beltrão, eis a opinião dele, que também é cristão:

“Os gravetos incandescentes nada mais são que processos naturais de decomposição da madeira onde os fungos decompõem o material e brilham na escuridão.

Se trouxermos os gravetos para casa e os colocarmos em um quarto escuro, e eles ficarem lá por um bom tempo, brilharão sempre que houver umidade, até a pupila do olho se acostumar.”

Jesus em determinada ocasião repreendeu a Pedro por ele não saber divisar as coisas de Deus. Prestemos atenção para sabermos interpretar a graça e misericórdia do Senhor.

Deus não é Deus de confusão. (1 Co 14. 33). O homem espiritual discerne bem a tudo. 1 Co 2. 15

5- Os perigos da oração no monte

Os defensores da oração no monte argumentam que por lá não há distração alguma. O local é isolado, sem ruídos, sem burburinhos e ouvidos indiscretos de vizinhos ouvindo as suas orações.

Diferente do que acontece na sua casa, então a preferência. Mas ressalto, dê prioridade à oração na sua igreja, o monte deve ser uma alternativa.

Particularmente não vejo como certo ou errado a devoção no monte, mas é necessário atentar para diversos fatores de segurança. 

Há inúmeros registros policiais de casos de estupro, roubo, assalto, furtos, mortes por quedas de raios e quedas acidentais resultando em morte.

Para comprovar minhas afirmativas é só pesquisar na internet. Ainda há o perigo de ataques de animais ou insetos que estão no meio da vegetação.

Como desgraça pouca é bobagem ainda há a possibilidade da pessoa contrair alguma alergia. Considere esta questão: Você está no meio do mato, orando, passa a mão em alguma folha ou árvore, depois sem querer leva-a os olhos e a boca.

Orar no monte é bom, mas tem os seus perigos. Lembre-se que ainda que você tenha ido inúmeras vezes ao local, ele permanece um completo desconhecido pra você.

Próximo da minha casa (Região da Cantareira – Zona Norte de São Paulo), há muitos destes lugares de “adoração”. Todos os dias há pessoas orando sozinhas ou em grupos que vão desde 03 pessoas até as dezenas.

A concentração é maior nas noites de sextas-feiras e sábado. Muitos levam instrumentos musicais, fazem alegres cantos, oram, intercedem (…).

6- Devo orar no monte ou na Igreja

Avançando para a finalização, suponhamos que você a despeito de tudo que leu até aqui, ainda tenha uma última questão: “Devo orar no monte ou na igreja?”

Penso, que você quando for fazer a sua oração, deve avaliar três coisas, necessidade, facilidade e conveniência. As três coisas estão presentes para justificar a oração no monte?

A decisão é sua, mas quero que tome a melhor decisão possível. Pode ser que você ore no monte por uma questão de gosto. Se gosta, então ore. Mais ainda quero fazer minhas últimas considerações a respeito do assunto.

Frequentemente fico imaginando se todas estas pessoas estivessem num mesmo propósito e espírito, orando e solicitando ao Senhor para que manifestassem nelas o bom cheiro de Cristo na vida dos perdidos. Nós somos luz, e uma luz é posta em local que brilhe.

No caminho, percebi que tem bares, os quais eu considero “Sinagoga de Satanás”, nos bairros próximos há grande criminalidade.

Agora imaginem se estas orações estivessem sendo direcionadas para que Deus desse o livramento destes problemas?

Muitos cristãos afirmam que vão ao monte para buscarem poder de Deus, mas vem cá, o que vai fazer com este poder? Não!

Não faço uma critica no sentido de apontar o dedo, de fazer sangrar, de querer mostrar-me um super crente. Nada disto, minhas observâncias e conclusão são para mostrar que devemos orar com objetividade, sem egoísmos.

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Recomendo que ore no monte apenas se você quer um lugar isolado para comunhão com Deus, e vá sempre acompanhado de mais pessoas. A devoção no monte não pode ser um sincretismo religioso, mas uma alternativa.

Lembre-se, os lugares adequados para a oração, para a comunhão com Deus é em sua casa primeiramente, depois a sua igreja. Ressalto, santificação no monte deve ser uma alternativa de lugar, nunca uma preferência.

E você, o que pensa sobre o crente orar no monte? Deixe registrado a sua experiência, vamos enriquecer este debate.

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Categories: Vida Crista

Juraci Rocha

Juraci Rocha é o editor do site Filhos de Ezequiel. Os escritos de Juraci Rocha são informativos, envolventes, divertidos e desafiadores. É instrutivo ler seus estudos e conhecer seus pontos de vista práticos e profundos sobre o tecido da fé cristã.

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